Intoxicações agudas por praguicidas nos centros de toxicologia de seis hospitais universitarios do Brasil em 1994

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1995

RESUMO

Os praguicidas são uma tecnologia amplamente utilizada na agricultura, saúde pública, veterinária e silvicultura. O Brasil é o seu maior consumidor da América Latina, estando a população geral e os trabalhadores expostos direta ou indiretamente, e as intoxicações agudas se apresentam como um problema decorrente do uso destes produtos. Descrevem-se as características epidemiológicas das intoxicações agudas acidentais, ocupacionais e tentativas de suicídio por praguicidas atendidas em 1994 nos Centros de Toxicologia de Londrina, Maringá, Belo Horizonte, Florianópolis, Campinas e Ribeirão Preto. Foi criado um banco de dados partindo-se de uma ficha pré-codificada, padronizada e testada nos seis Centros. Foram registrados 15.024 atendimentos em 1994, sendo que 1.527 destes eram casos de intoxicação aguda por praguicidas. Os casos acidentais foram mais fi"eqüentes em Belo Horizonte e Maringá, os ocupacionais em Londrina, Campinas e Maringá e os por tentativa de suicídio em Ribeirão Preto e Belo Horizonte. O gênero em 59,2% dos pacientes era masculino e 40,8% feminino. A taxa de intoxicados foi de 15 por 100 mil habitantes nos seis municípios. Setenta por cento dos pacientes estavam na faixa dos 15 a 49 anos e 13,3% eram crianças com até cinco anos. A ocupação em 18,2% era agropecuária. Foram atendidos, em média, 127 casos por mês, sendo 32,1% na primavera e 28,3% no verão. Os tóxicos mais fi"eqüentes foram os inseticidas (72,7%), raticidas (16,0%) e herbicidas (7,1 %). A metade dos casos foi atendida nos próprios Centros e 42,1% em outros Hospitais. Cerca de 86,5% dos casos acidentais e 79,5% das tentativas de suicídio ocorreram na residência urbana e 63,0% e 37,0% dos ocupacionais nos locais de trabalho rural e urbano, respectivamente. As vias de exposição mais fi"eqüentes foram: a oral ((f/3), nos casos acidentais, a cutânea (53,1%), nos ocupacionais e a oral (99,3%) nas tentativas de suicídio, Foram internados 36,6% dos pacientes, sendo que 75% dos casos acidentais e ocupacionais ficaram três dias e os por tentativa de suicídio quatro dias. A condição de saída do Hospital em 64,7% dos pacientes foi alta com cura, 13,12% alta e encaminhamento ambulatorial e 2,5% (37) óbitos. Destes, 1 caso foi acidental, 29 suicídios e 7 em outras circunstâncias. As proporções de óbitos por Centro foram: 5,4% em Londrina, 2,7% em Florianópolis e em Campinas, 2,4% em Ribeirão Preto, 0,9% em Belo Horizonte e 0,7% em Maringá. Os dados registrados sistematicamente nos Centros, ainda que com limitações, permitem definir o perfil da situação e as características das intoxicações nas regiões, que constituem uma importante fonte de informação e de pesquisa

ASSUNTO(S)

epidemiologia envenenamento

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