Intermitências da morte: redefinições do ser humano na difusão da morte cerebral como fato médico
AUTOR(ES)
Kind, Luciana
FONTE
Scientiae Studia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2011
RESUMO
Este artigo apresenta diferentes definições de morte cerebral, resgatando parte do processo de sua construção como fato médico. Desde o final dos anos 1960, quando foi publicada em importante veículo de divulgação científica da comunidade médica, o Journal of the American Medical Association, a definição de morte cerebral suscitou adesões e contraposições. De modo a se afirmar em textos estatutários, a definição foi ganhando novos contornos, sendo consolidada como whole-brain death no alvorecer dos anos 1980. Compondo esse processo, outras definições vão sendo oferecidas como alternativas para a whole-brain death. As definições de brainstem death e a higher brain death ganham destaque nesse processo histórico de construções de argumentos. Para alcançar o status de "boa" definição, cada uma delas se apoiou em específicas delimitações de "ser humano". Nessas redefinições da morte que se desenrolam entre os anos 1960 e 1990, concepções de ser humano afirmavam-se pela localização no cérebro ou no organismo como um todo, ou pela presença da "pessoalidade", da "identidade pessoal" ou de "estabilidade moral".
ASSUNTO(S)
morte cerebral concepções de ser humano whole-brain death brainstem death higher brain death
Documentos Relacionados
- O médico diante da morte na urgência e emergência:reflexões sobre o ser médico
- O envelhecimento como metáfora de morte: a clínica do envelhecer
- A domesticação técnica da morte: anti-aging como projeto existencial
- O horror como performance da morte: José Mojica Marins e a tradição do Grand Guignol
- “As intermitências da morte” no ensino da ética e bioética