O médico diante da morte na urgência e emergência:reflexões sobre o ser médico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A literatura aponta que a forma como as pessoas encaram a morte vem sofrendo mudanças no decorrer dos séculos e hoje o que se percebe é que, cada vez mais, o ser humano tem dificuldades para lidar com a morte. Em razão de o médico ter como função primordial salvar a vida dos seus pacientes, e sendo essa responsabilidade agravada pela responsabilidade de tomar decisões rapidamente, já que precisa lidar com o inesperado das situações de urgência e emergência, muitas vezes esse profissional tem que enfrentar situações de impotência e fracasso diante da perda de um paciente. O objetivo principal deste estudo foi compreender a experiência de médicos que trabalham em urgência e emergência diante da morte. Justifica-se tal questionamento pelo fato de que, apesar das questões da vida e da morte fazerem parte do cotidiano desses profissionais, os médicos não têm, muitas vezes, espaço para expressarem o seu sofrimento e angústia sobre as questões relacionadas à morte em sua rotina de trabalho. Verifica-se ainda na literatura um apontamento da necessidade de se incluir nos currículos das universidades de medicina disciplinas que abordem tais questões. A metodologia utilizada foi de caráter enomenológico-existencial, utilizando como instrumento a observação participante, a fim de conhecer a rotina da urgência e emergência, e a entrevista semi-aberta. Foram entrevistados seis médicos que trabalham na urgência e emergência do maior hospital da rede pública de Natal-RN. Os resultados mostraram que, apesar dos médicos relatarem ter momentos de estresse e das dificuldades encontradas por eles no serviço público, esses profissionais sentem prazer em trabalhar na urgência e emergência. Embora a morte seja considerada um fenômeno que faz parte de sua rotina de trabalho, em alguns momentos ela é mais difícil de ser encarada. Muitas vezes as perdas geram sentimentos de impotência e culpa, bem como questionamentos sobre suas atuações durante as tentativas de salvar vidas. Verificamos, a partir desse estudo, a importância da existência de algum tipo de intervenção na emergência, a fim de que os médicos possam elaborar as questões sobre a morte e o morrer surgidas em seu trabalho. Consideramos ainda que este estudo confirma as discussões acerca da importância dessa temática ser abordada de forma mais efetiva no momento da formação desses profissionais, bem como a importância dos órgãos públicos investirem de forma mais eficaz na área de urgência e emergência, de modo a tornar o trabalho desses profissionais menos danoso à sua saúde

ASSUNTO(S)

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