Interdições e contradições na política de inclusão de jovens e adultos com deficiência no estado de Mato Grosso do Sul

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Esta pesquisa teve por objetivos estudar as interdições e as contradições existentes na política de inclusão de Jovens e Adultos com deficiência no estado de Mato Grosso do Sul. Buscou analisar os fundamentos, princípios, diretrizes e propostas de inclusão para identificar a ordem do discurso: o dito, o silenciado, o omitido, o interditado e o oculto, expressos na política e nos documentos que estruturam e organizam o atendimento educacional especializado desses alunos.Trata-se de uma pesquisa qualitativa ancorada nos pressupostos teóricometodológicos de Michel Foucault para estudo e análise dos documentos internacionais, nacionais, das diretrizes e propostas de inclusão por meio do recorte temporal da última década( 1996 a 2006). Ocupou-se de refletir sobre a construção do processo de inclusão no Estado de Mato Grosso do Sul por meio da atenção às pessoas com deficiência, particularmente, em relação às referências e orientações para essa modalidade de ensino no campo da garantia dos direitos sociais, das políticas, programas e propostas para a prática pedagógica adequadas às especificidades e necessidades educacionais dessa população.Para tanto, foi utilizado o procedimento metodológico da arque-genealogia como instrumento de análise e interpretação das relações de poder manifestas e da compreensão do paradoxo presente nos diferentes momentos históricos da implementação da política de inclusão em nosso estado. Os resultados desvelam que não existem políticas governamentais eficazes (União, Estados e Municípios) para a inclusão educacional de alunos com deficiência na EJA.Nota-se ausência de diretrizes claras e propostas pedagógicas consistentes e adequadas às necessidades desses educandos. Os documentos do Estado de Mato Grosso do Sul analisados, desvelam: negligência do aparelho estatal quanto a garantia dos direitos sociais e oferta de oportunidades educacionais no sistema público de ensino; classificação dos alunos e categorização por deficiência para encaminhamento ao ensino segregado; escolarização de jovens e adultos em escola especial; ausência de adequação curricular e de atendimento às necessidades específicas no contexto da sala de aula; falta de atendimento educacional especializado com a articulação da educação especial-ensino comum; há indicadores de micropoderes exercidos no cotidiano escolar em virtude da falta de participação de professores, pais e alunos com deficiência na discussão e elaboração dos projetos pedagógicos.Esses mecanismos de exclusão aperfeiçoados em sua tecnologia buscam o apaziguamento da ambigüidade por meio de um discurso de acesso, igualdade de oportunidades e diversidade, mas que contraditoriamente, na prática pedagógica inclusiva não se operacionaliza. Esses dados permitem refletir sobre a inexistência de um paradigma de inclusão e apontam para o paradoxo da exclusão das pessoas com deficiência do sistema estadual de ensino.

ASSUNTO(S)

educação de adultos educação de jovens relações de poder educação especial inclusão escolar educacao

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