Inibicao da reabsorcao renal de glicose como uma nova forma de tratamento para pacientes com diabetes

AUTOR(ES)
FONTE

J. Bras. Nefrol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-03

RESUMO

A importância do rim na homeostase de glicose é reconhecida desde há muitos anos. Observações recentes, indicando um papel maior do metabolismo renal da glicose em várias condições fisiológicas e patológicas, reavivaram o interesse no manuseio renal de glicose como um alvo em potencial para o tratamento do diabetes. A enorme capacidade das células tubulares proximais para reabsorver a carga total de glicose filtrada, utilizando o sistema de co-transporte de sódio e glicose (SGLT), tornou-se o foco de atenção. Estudos originais realizados em animais experimentais com o uso do inibidor não-específico da SGLT florizina, demonstraram que a hiperglicemia após pancreatectomia diminuiu como resultado de glicosúria forçada. Posteriormente, foram desenvolvidas diversas substâncias com propriedades mais seletivas de inibição da SGLT-2 ("segunda geração"). Vários agentes foram usados em ensaios pré-clínicos e clínicos, e alguns já foram aprovados para uso comercial no tratamento da diabetes tipo 2. Em geral, os dados clinicos mostram que um período de 6 meses de tratamento com inibidores da SGLT-2 é seguido por uma taxa de excreção de glicose urinária média de ~ 80 g/dia, acompanhado por uma queda na glicemia de jejum e pós-prandial e com redução média na HbA1C de - 1.0%. Também foram relatados perda concomitante no peso corpóreo e uma leve mas consistente queda da pressão arterial. Em contraste, eventos adversos transitórios como poliúria, sede com desidratação e hipotensão ocasional foram descritos na fase inicial de tratamento. Além disso, um aumento significativo na ocorrência de infecções urogenitais, particularmente em mulheres, foi documentado com o uso de inibidores da SGLT-2. Os efeitos cardiovasculares, renais e ósseo/minerais a longo prazo destes agentes ainda são desconhecidos. Conclusão: Os inibidores da SGLT-2, se usados de forma criteriosa e em pacientes adequados, representam uma opção terapêutica única, que explora um novo mecanismo de ação anti-hiperglicêmico independente da insulina. Estão portanto indicados, tanto na monoterapia ou em combinação com outros agentes no tratamento de pacientes obesos com diabetes tipo 2.

ASSUNTO(S)

diabetes mellitus tipo 2/terapia glicosuria rim transportador 2 de glucose-sodio

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