Influencia estrogenica na integração do enxerto de tecido adiposo autologo periuretral : estudo experimental em coelhas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

A insuficiência esfincteriana intrínseca da uretra é uma das causas freqüentes de incontinência urinária de esforço na mulher, sobretudo no período pós-menopausa. As opções de tratamento desta condição incluem os "slings", os esfincteres artificiais e as injeções periuretrais. No desenvolvimento do material ideal para a injeção periuretral, foram propostos, entre outros, a pasta de teflon, o colágeno bovino purificado, os balões de silicone e o tecido adiposo autólogo. Como vantagens sobre os demais, este último apresenta: facilidade de obtenção, biocompatibilidade e baixo custo. No entanto, a absorção de parte do tecido adiposo injetado continua representando um problema, que implica na realização de injeções repetidas para aumentar a possibilidade de se alcançar o resultado desejado. A influência do estrógeno sobre o trato urinário feminino foi bem estabelecida na literatura, particularmente sua ação no trofismo uretral e no suprimento sangüíneo aos vasos do trígono e da submucosa uretral. O presente estudo experimental foi desenvolvido com base nestas evidências, para verificar a influência da hipoestrogenia (induzi da artificialmente através de ooforectomia bilateral) sobre os aspectos anatomopatológicos e histométricos do enxerto de tecido adiposo autólogo periuretral. O conhecimento deste fenômeno pode ser útil para determinar a aplicabilidade clínica da reposição estrogênica previamente à lipoinjeção periuretral. A lipoinjeção periuretral foi realizada em dois grupos de 14 coelhas (cada um) albinas adultas e isogênicas (peso médio de 3,85 quilogramas). Após 120 di~ de observação, os animais foram sacrificados para o estudo dos aspectos anatomopatológicos e histométricos do enxerto de tecido adiposo. Em um dos grupos (denominado grupo 1) realizou-se a ooforectomia bilateral 120 dias antes da lipoinjeção periuretral. A análise microscópica avaliou de forma qualitativa a presença de: exsudato inflamatório linfomonocitário e granulomatoso, áreas de fibrose cicatricial, acúmulos de gordura extracelular e septos conjuntivos no interior do enxerto. Os resultados obtidos nos dois grupos foram comparados através do teste de Mann- Whitney. Por meio de técnicas histométricas, os dois grupos foram analisados de forma comparativa, tomando por parâmetros a trimédia das áreas dos adipócitos e a densidade dessas células (número de adipócitos por 104 !J.m2) em uma amostra do enxerto de cada animal. Os mesmos parâmetros mbém foram estudados em amostras do tecido adiposo pélvico que serviu de sítio doador, a fim de permitir, em cada animal, a análise da evolução do tecido enxertado. Foi empregado o teste de Wilcoxon pareado nas comparações realizadas entre o enxerto de tecido adiposo e o respectivo tecido adiposo pélvico de um mesmo animal. Para as comparações entre os dois grupos foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Em todos os testes foi fixado em 5 % o nível de rejeição da hipótese de nulidade. Não foram encontradas diferenças macroscópicas significantes nos enxertos de tecido adiposo entre os grupos. Também não foram verificadas diferenças significativas, entre os grupos, na freqüência de todos parâmetros microscópicos estudados. Foram verificados focos de infiltrado inflamatório linfomonocitário (p=O,228), acúmulos de gordura extracelular (p=O,432) e septos conjuntivos no interior dos enxertos (p=O,694) na maior parte dos animais, em ambos os grupos. Em todos animais foi observada reação granulomatosa do tipo corpo estranho, com fagocitose de parte da gordura injetada (p=O,455), enquanto áreas de fibrose cicatricial foram menos frequentes e, em geral, de leve a moderada intensidade (p=O,545). Na análise histométrica dos enxertos de tecido adiposo não foram encontradas diferenças significativas na distribuição das trimédias das áreas celulares dos adipócitos (p=O,696) e na densidade de adipócitos (p=O,183) entre os dois grupos estudados. Os resultados permitiram concluir que a ooforectomia não determinou diferenças significantes na vitalidade do enxerto de tecido adiposo autólogo periuretral em coelhas, de acordo com os parâmetros anatomopatológicos e histométricos estudados. Isto permite inferir que a terapia de reposição estrogênica neoadjuvante não causaria benefícios significativos na integração deste tipo de enxerto

ASSUNTO(S)

estrogenos aparelho urinario - tratamento menopausa urina - incontinencia

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