Reparo do defeito ósseo na trepanação craniana com enxerto ósseo autólogo : estudo comparativo morfológico e tomográfico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A cranioplastia para a correção dos defeitos causados pelo trépano cirúrgico é um dos problemas não adequadamente solucionados em neurocirurgia. As depressões deixadas pelo trépano neurocirúrgico nas craniotomias é uma queixa freqüente dos pacientes no pós-operatório. A extensa gama de materiais aloplásticos que tem sido propostos e utilizados para este fim é um bom exemplo desta dificuldade. O pó de osso, que é comumente usado nessas reconstruções, sofre um alto grau de reabsorção, mas até o momento, essa absorção não tinha sido mensurada, nem comparada com a do osso cortical. Outro grande desafio não solucionado até o momento é a dificuldade para acessar o desenvolvimento biológico de ossos transplantados em humanos, impossibilitando assim a quantificação dos resultados. A avaliação do local de reconstrução pela inspeção e pela palpação é um método grosseiro de aferição e permite apenas uma análise qualitativa subjetiva. Nossa insatisfação com o resultado estético das cranioplastias, além da falta de medidas objetivas das falhas ósseas, nos levou a testar a utilização do enxerto ósseo autógeno da lâmina interna da calota craniana para a resolução estético-funcional das deformidades causadas pelo trépano neurocirúrgico. O pó de osso foi recolhido durante a trepanação e o fragmento ósseo foi retirado, com uma trefina, especialmente confeccionada pelo autor para esse fim Após oito meses, realizamos tomografia de crânio com reconstrução óssea. Os locais reconstruídos com pó de osso e com fragmento ósseo foram delimitados e tiveram a densidade óssea aferida mediante tomografia computadorizada de crânio, procedimento ainda não utilizado na prática clínica neurocirúrgica. Os resultados foram expressos em unidades Hounsfield (HU). As reconstruções foram avaliadas por dois especialistas diferentes, cegados para o estudo, que atribuíram uma nota de 0 a 10 para a aparência estética dos locais reconstruídos. Analisamos a correlação entre a nota atribuída pelos avaliadores com a densidade medida pela TC. Foram reconstruídos 108 orifícios de craniotomia nos 23 pacientes estudados, sendo 36 orifícios reconstruídos com fragmento circular da lâmina interna (33,3%) e 72 com pó de osso (66,6%). A densidade média das reconstruções com fragmento circular foi 987,01 ± 172,6 HU, enquanto a de pó de osso foi 464,46 ±197,66 HU. Essa diferença foi estatisticamente significativa (p< 0,001, teste t de Student, < 0,05). A nota média atribuída às reconstruções pelos avaliadores foi de 9,5 para ao fragmento ósseo e 5,7 para o pó de osso, (p< 0,001, teste t pareado < 0,05). Não ocorreram complicações durante o seguimento de até 25 meses. Ao final do estudo, pode-se concluir que o fragmento de osso autólogo da lâmina interna é superior ao pó de osso para reconstrução dos orifícios de trepanação. A absorção do fragmento ósseo é menor e sua característica estética é superior. O custo nulo, bem como a ausência de morbidade do sítio doador, habilita o auto-enxerto como a primeira escolha para a correção dos defeitos causados pelo trépano cirúrgico.

ASSUNTO(S)

transplante ósseo transplante autólogo crânio cirurgia trepanação

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