Influência do tratamento com N-metil Glucamina sobre a fagocitose, a produção de radicais de oxigênio e de nitrogênio e a produção de FNT-[alfa], IFN-[gama] e IL-10 por fagócitos de indivíduos com leishmaniose tegumentar americana e de camundongos infectados experimentalmente com leishmania amazonensis

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

As leishmanioses são causadas por protozoários do gênero Leishmania e estima-se que 12 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas. Os fagócitos são importantes para a defesa contra o parasito, por serem as células hospedeiras e responsáveis pela sua eliminação. A droga de escolha para o tratamento das leishmanioses no Brasil é o antimoniato de N-metil glucamina, e apesar da sua ampla utilização, ainda não possui seu mecanismo de ação elucidado. O presente estudo avaliou a influência do tratamento com o antimoniato de N-metil glucamina sobre a capacidade fagocitária, a produção de peróxido de hidrogênio, de FNT-a, IL-10 e de IFN-g por monócitos de 17 indivíduos portadores de leishmaniose cutânea durante o tratamento com esta droga; e também a sua influência sobre a capacidade fagocitária, a produção de peróxido de hidrogênio e a produção de óxido nítrico pelos macrófagos peritoneais de camundongos BALB/c e C57BL/6 infectados pela Leishmania amazonensis. No estudo em humanos, o índice fagocitário dos indivíduos infectados se mostrou menor do que o dos indivíduos controles. Já no sétimo dia de tratamento dos indivíduos, observou-se aumento na capacidade fagocitária. Os indivíduos infectados apresentaram produção de peróxido de hidrogênio maior do que a dos controles, e o tratamento com o antimoniato de N-metil glucamina não modificou este perfil de produção. A produção de FNT-a dos indivíduos infectados foi menor que a dos controles, e o tratamento aumentou significantemente esta produção. A produção de IL-10 de indivíduos infectados foi muito baixa, detectada em poucos indivíduos, e na vigência do tratamento não foram observadas diferenças entre os grupos. A produção do IFN-g de indivíduos infectados apresentou um pequeno aumento em relação aos controles, mas não se sabe se isto possui significado biológico. O tratamento não influenciou na produção desta citocina. Nos estudos com camundongos, a capacidade fagocitária dos camundongos C57BL/6 controles se mostrou maior do que a dos animais BALB/c. Após a infecção, houve aumento da capacidade fagocitária dos camundongos BALB/c tanto pela infecção como pelo tratamento, enquanto não houve resposta para os animais C57BL6. A produção do peróxido de hidrogênio pelos animais controles foi maior para os camundongos C57BL/6. Entretanto, a produção de peróxido de hidrogênio foi maior para os camundongos BALB/c após o tratamento, enquanto não houve resposta dos animais C57BL/6. Embora a produção de óxido nítrico nas duas linhagens tenha se mostrado baixa, foi maior para os camundongos BALB/c. É possível que esta produção exacerbada de radicais livres pelos animais BALB/c contribua para a patogenia da infecção. O antimonial foi capaz de modificar as funções de fagócitos de seres humanos e de camundongos BALB/c infectados, influenciando a resposta do hospedeiro contra o parasito. A compreensão do modo de ação desta droga não esclarece apenas os mecanismos da relação-parasito hospedeiro, como também contribui para uma terapia mais adequada para as leishmanioses.

ASSUNTO(S)

medicina macrófagos óxido nítrico e citocinas fagocitose antimonial peróxido de hidrogênio monócitos leishmaniose

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