Estudo comparativo da resposta imunológica e clínica entre a Anfotericina B Lipossomal e o N-metil Glucamina em pacientes com a forma localizada da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A leishmaniose tegumentar americana é uma doença infecciosa, não contagiosa, de pele e mucosas, cujo agente etiológico é um protozoário do gênero Leishmania. Esta doença representa um importante problema de saúde pública, com mais de 12 milhões de pessoas acometidas no Mundo. Tem aumentado em incidência, sendo a prevalência no Brasil a mais alta em todo o Novo Mundo. Dentre as cinco regiões brasileiras, o Centro- Oeste figura como a terceira em incidência e a primeira em crescimento da doença. No Distrito Federal, os casos de leishmaniose têm aumentado nos últimos anos, havendo fortes indícios de autoctonia da doença. Apesar do N-metil glucamina já estar sendo usado na leishmaniose por mais de 60 anos e serem bem conhecidos seus efeitos hepato, nefro e cardiotóxicos, ele permanece como a primeira linha de tratamento para esta doença. Este estudo foi realizado com o objetivo de testar uma outra medicação, a anfotericina B lipossomal, num esquema terapêutico curto e com menor risco de toxicidade. Comparou-se a resposta clínica e imunológica, nos pacientes portadores de leishmaniose tegumentar americana, forma localizada, tratados com anfotericina B lipossomal, na dose de 1,5mg/kg/dia, por via endovenosa, durante 5 dias (grupo de estudo) com os pacientes tratados com N-metil glucamina, na dose de 20 mg SbV/kg/dia, por via endovenosa, durante 20 dias (grupo controle). Foram incluídos 35 pacientes sem tratamento prévio ou doenças como diabetes, hepato, nefro ou cardiopatias, alocados de forma randomizada para os dois grupos. Os dois grupos foram considerados homogêneos em relação aos aspectos epidemiológicos e clínicos. O diagnóstico foi confirmado pela positividade de dois ou mais exames parasitológicos e imunológicos em todos os pacientes. Identificou-se as espécies e subgêneros de Leishmania em vinte e uma amostras provenientes de pacientes, havendo predominância da Leishmania (Viannia) braziliensis. Quanto á resposta terapêutica, no grupo tratado com a anfotericina B lipossomal, a taxa de cura foi mais baixa (50%) do que a encontrada no grupo controle. Entretanto, a mesma induziu uma resposta clínica em cerca de 81% dos pacientes em até 90 dias após o tratamento. Além disto, no período de acompanhamento de um ano, nenhum dos pacientes curados com esta medicação apresentou recidiva, mostrando que a mesma é eficaz, mas foi usada, provavelmente, em dose baixa. Sendo segura, com baixa incidência de eventos adversos e alterações laboratoriais. Porém, são necessários estudos usando doses mais altas da anfotericina B lipossomal. Já no grupo tratado com N-metil glucamina, todos tiveram suas lesões cicatrizadas, mas a maioria apresentou eventos adversos e/ou alterações laboratoriais, demonstrando sua elevada toxicidade. Em relação à resposta imunológica, houve diminuição ou negativação dos títulos da imunofluorescência indireta após o tratamento nos dois grupos, indicando uma diminuição dos parasitos com as duas medicações, com conseqüente diminuição ou não produção de anticorpos. Por meio da imunohistoquímica, observou-se aumento do número de células T e macrófagos ativados, número inalterado de linfócitos B e diminuição dos parasitos nas lesões. Houve negativação dos parasitos com o N-metilglucamina em alguns casos, mas isto, não ocorreu com a anfotericina B lipossomal. Sugerindo que ambas as medicações induziram uma resposta no sentido da cicatrização, mas aparentemente o N-metil glucamina foi mais eficaz. Entretanto, mais estudos, com número maior de casos, são necessários para uma conclusão definitiva sobre a resposta clínica e imunológica induzida pela anfotericina B lipossomal em pacientes portadores de LTA forma cutânea localizada.

ASSUNTO(S)

leishmaniose ciencias da saude

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