Influência das lesões de caudofagia na fase de terminação sobre o desempenho zootécnico, sanitário e condenações ao abate de suínos / Influence of tail biting on pig performance, health, lesions and condemnations at slaughter of finishing pigs

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O presente trabalho avaliou a influência de lesões de caudofagia em suínos na terminação sobre o ganho de peso, variáveis sanitárias, ocorrência de lesões e condenações ao abate. O estudo foi realizado em quatro propriedades (PROP) de terminação de suínos. Para cada suíno com lesão de caudofagia foram selecionados dois controles, totalizando a avaliação dos seguintes números de animais: PROP1: 87; PROP2: 33; PROP3: 60; PROP4: 132. As lesões na cauda foram classificadas conforme o grau de severidade (escore de 0 a 4, sendo 0 normal e a severidade aumentando até os graus 2 e 3, e como grau 4 para lesões cicatrizadas). A cada uma de 4 a 6 avaliações (conforme a idade inicial do 1o diagnóstico do problema), os animais eram pesados e as lesões na cauda avaliadas. Em todas as propriedades, foi observada uma recuperação das lesões de caudofagia na terceira avaliação. Nas PROP 1 e 3, animais com lesões de escore 3 (severas) tiveram menor ganho de peso (P<0,05) comparados aos animais de escore 0. Além disso, na PROP3, animais com escore 3 foram menos pesados (P<0,05) ao abate do que aqueles de escore 0. A chance de animais com escore 3 terem artrite e apresentarem nódulos subcutâneos e/ou abscessos foi 25,5 e 30,4 vezes maior, respectivamente, em comparação aos animais com escore 0. Tanto animais com escore 2 (moderado) quanto os com escore 3 apresentaram maiores chances (P<0,05) de terem abscessos ou lesões pulmonares (pleurite e pneumonia embólica) em comparação aos animais sem lesão de cauda. Houve desvio ao Departamento de Inspeção Federal (DIF) de 21,6% (62/287) das carcaças, de animais com lesões e controles, sendo que a caudofagia foi a causa de 66,1% das condenações. Animais com lesões de escore 2 e 3 apresentaram 6,0 e 9,3 vezes maiores chances de terem suas carcaças desviadas ao DIF, respectivamente, comparados aos animais de escore 0. Os animais com lesões de caudofagia representaram 63,0% das carcaças que tiveram destino “não exportável” e 75,0% das carcaças com outros destinos. Considerando os percentuais aproximados de perdas relativas definidas pelo frigorífico visitado para as categorias de condenação (não-exportável, embutido, conserva e graxaria), isto representaria a perda de 15,58 animais (total de 18,12% entre os 86 animais que foram diagnosticados com caudofagia na granja). Isso permite concluir que, nas condições desse estudo, de cada 5 animais que são visualizados com canibalismo na terminação vai ocorrer a perda total de 1 no frigorífico. A esse prejuízo devem ser somados os animais que foram sacrificados nas granjas ou que vieram a morrer devido aos problemas causados pelas complicações das lesões na cauda. No estudo atual, foi possível determinar que, entre todos os que haviam apresentado lesões de canibalismo nas granjas, apenas dois mantinham lesões detectáveis externamente por ocasião do abate, o que pode ser explicado pela ocorrência muito precoce das lesões de caudofagia nos casos observados. Por outro lado, no abate desses animais do grupo com caudofagia, mas sem lesões externas no abate, foi observado um grande número de condenações por abscessos e lesões pulmonares. Isso sugere existir uma dicotomia entre as situações de campo e de frigorífico, reforçando a necessidade de uma melhor ligação entre esses contextos para estimar adequadamente o seu impacto.

ASSUNTO(S)

suinocultura tail biting score suínos : cauda : lesões condemnations pleurite : suinos pleuritis abscesses

Documentos Relacionados