Infecção pelo virus da hepatite C entre parturientes : soroprevalencia, analise dos fatores de risco, infectividade e transmissão vertical

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O estudo realizado no Hospital Universitário da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas entre janeiro de 1994 e julho de 1998 constou de duas partes: a primeira, sobre a soroprevalência do VHC entre parturientes, os fatores de risco envolvidos e o potencial de infectividade entre as mulheres com anti-VHC-EIA positivo, e a segunda, sobre a transmissão vertical do VHC. Na investigação da prevalência dessa infecção, participaram 6.995 mulheres que tiveram o sangue coletado na sala de parto e que responderam a uma entrevista padrão, realizada durante a internação, objetivando a pesquisa de antecedentes epidemiológicos relativos a microorganismos veiculados pelas vias sangüínea e (ou) sexual. Utilizaram-se análises de associação e modelos de regressão múltipla na relação da positividade do RIBA e da presença do RNA-VHC com as variáveis epidemiológicas. A prevalência anti-VHC pelo EIA-3 foi de 1,5% (104/6.995) e de 0,8% após o RIBA-3. Nessa população, obteve-se também a positividade do anti-HIV-EIA de 1,0% e de 0,9% segundo o "Western blot"; a positividade do HBsAg de 0,5% e do anti-HBc de 6,8%; 0,9% de positividade anú-T.pallidum (VDRL e FTA-ABS). Com o teste RT-PCR, pesquisou-se o RNA-VHC em 75 mulheres reativas ao anti- VHC-EIA, e 35 (46,7%) amostras foram positivas. Das 47 amostras com RIBA reagente, 20 (42,6%) apresentaram níveis alterados de ALT, com RNA-VHC em 90% delas, e nas 12 amostras indeterminadas, 2 (16,7%) tinham níveis alterados de ALT, com RNA presente em 50%. No modelo de regressão logística múltipla, as cinco variáveis preditoras da positividade do RIBA, marcador de infecção prévia pelo VHC, foram: uso de bebida alcoólica, transfusão de sangue, pertencer a raça negra, antecedente de DST e anti-HBc positivo. Não foi possível compor esse modelo com a variável uso de drogas injetáveis e VDRL positivo. Repetiu-se a análise multivariada, após controlar as variáveis relativas à transmissão parenteral do VHC, para explorar o potencial da via sexual na transmissão do VHC. Antecedente de DST, presença do anti-HBc, ter ou ter tido parceiro sexual com história de hepatite ou parceiro heterossexual promíscuo foram determinantes da positividade do RIBA. Procurou-se associar os resultados do teste RT-PCR às características do RIBA, aos níveis de ALT, à co-infecção pelo HIV ou VHB e às variáveis epidemiológicas estudadas. Na análise multivariada, as variáveis que estimaram a presença do RNA-VHC foram as interações das bandas cl00-3 - c33c e c22-3 - c33c. Na segunda parte deste estudo, referente à transmissão vertical do VHC, participaram 61 mulheres com anti-VHC-EIA positivo e os respectivos filhos, de 72 partos acompanhados seqüencialmente. Entre o 2° e o 18° mês de vida, coletou-se, no mínimo, uma amostra de sangue. Dessas 72 crianças, 45 tinham mães com RIBA positivo, 13 indeterminado e 14 negativo, sendo 42 delas filhas de mulheres com viremia (39 com RIBA positivo e 03 indeterminado). Dentre os 42 lactentes, incluindo 09 filhos de mães co-infectadas pelo HIV, um apresentou repetidamente o RNA-VHC aos quatro meses de idade, evoluindo com alterações nos níveis de ALT entre o 7º e 11° mês de vida. A positividade da sorologia anti-VHC (EIA e RIBA) desta criança manteve-se até o 18° mês de vida, atendendo ao critério diagnóstico proposto para infecção vertical pelo VHC. A taxa de transmissão foi de 2,4% (01 em 42) e de 3% ao se excluírem as crianças de mulheres co-infectadas pelo HIV (01 em 33). Este estudo demonstrou que a prevalência anti-VHC-EIA entre as mulheres grávidas é superior à dos doadores de sangue do mesmo hospital; que a exposição sexual pode ser um importante fator na disseminação do VHC; e que a transmissão vertical do VHC ocorre, porém, com freqüência baixa

ASSUNTO(S)

infecção gravidez epidemiologia hepatite por virus

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