Infecção assintomática subpatente por plasmodium falciparum no municipio do Careiro, área endêmica da Amazônia brasileira

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Embora a infecção por P. falciparum associa-se à forma grave da doença, a infecção assintomática por esta espécie traz vital importância tanto no aspecto imunológico quanto no epidemiológico. No entanto, os critérios utilizados na definição de infecção plasmodial assintomática na literatura têm variado quanto à metodologia empregada, sintomas avaliados e exames diagnósticos utilizados, dificultando o seu entendimento. O objetivo desta pesquisa foi caracterizar a infecção subpatente assintomática por P. falciparum em residentes de área endêmica da Amazônia Brasileira, utilizando uma definição recentemente padronizada pela comunidade científica brasileira. A pesquisa foi realizada em 773 residentes de duas localidades agrícolas do Município do Careiro, Estado do Amazonas, durante época de alta transmissão de malária. Em primeiro lugar, foi realizado um corte transversal para detecção de plasmódio em 642 (83,1%) participantes; 47 (7,4%) tiveram exame de gota espessa (GE) positiva (40 P. vivax e 7 P. falciparum). O exame de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real detectou P. falciparum em 152 (28,5%) de 533 resultados disponíveis; 11 deles também tiveram a PCR positiva para P. vivax. Em segundo lugar, constituiu-se uma coorte de 141 pessoas com infecção subpatente (detectada somente pela PCR) e exclusiva por P. falciparum, sendo incluídas para o seguimento 92 que cumpriam os seguintes critérios: idade maior a 5 anos, assintomática, sem antecedentes de malária no último mês, sem febre nas últimas 48 horas e sem doença clinica ou gravidez concomitante. O seguimento consistiu em avaliações clínica e laboratorial (GE e PCR) a cada 15 dias. A identificação de parasitos na GE foi indicação de tratamento antimalárico e fim do seguimento. Quinze indivíduos não tiveram uma avaliação antes do dia 30 e foram excluídos da análise. Nos dias 30, 60 e 90 do seguimento, 28/77 (36,4%), 24/76 (31,6%) e 20/73 (27,4%) pessoas mantiveram-se assintomáticas. Até o dia 90, somente 2 pessoas assintomáticas tiveram nova PCR positiva para P. falciparum, sendo a GE sempre negativa para essa espécie. No grupo sintomático, 25 de 38 pessoas tiveram exames negativos no primeiro episódio sintomático até o dia 30. Embora a acuidade na identificação de pessoas assintomáticas melhorasse com a ampliação do seguimento dos participantes com infecção subpatente por P. falciparum, a confirmação desta infecção, avaliada por meio da periodicidade de exames diagnósticos, foi rara. A ocorrência de infecção por P. vivax foi mais freqüente, independente do desenvolvimento de sintomatologia malárica. O desenvolvimento de sintomas não foi associado à presença do parasito.

ASSUNTO(S)

infecção assintomática carrier asymptomatic infection portador assintomático plasmodium falciparum pcr malaria medicina plasmodium falciparum pcr malária

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