Incorporações: agenciamentos do corpo no espaço relacional

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

A proposta da utilização do conceito Incorporações se apresenta como uma tentativa de delineamento de algumas das expansões existentes na arte contemporânea e seus processos comunicacionais, a partir dos anos 1990, que utilizam o corpo como matéria e suporte, o qual, em decorrência de mediações e agenciamentos das mais distintas ordens, esse corpo se amplia e se estende noutros corpos, em próteses, em objetos, no espaço físico e no espaço digital. O desafio, portanto, consiste em admitir esses procedimentos como sendo partes integrantes de um processo múltiplo e difuso. Mesmo não havendo contigüidade temporal, espacial ou substancial em suas partes, tal conceito defende a idéia de que todo procedimento pode se estender no tempo, no espaço e na substância, em suas mais diversas mutações. Construidos na esfera da ação, ou seja, são procedimentos que possuem uma potencialidade de detlagração de movimento a partir de diferentes qualidades temporais - desde a adoção de obras possuidoras de uma processualidade constante, enquanto duração do ato ou escolha dos materiais, à saída da posição de observador neutro e imparcial, para se colocar em ação, em posição de observador ativo - tais procedimentos se caracterizam ainda pela natureza lnôrida de seu processo, apresentando elementos da Performance e da Instalação. Além disso, numa época em que surge uma crescente facilidade de acesso e uso de tecnologias de comunicação, expandindo o suporte e como conseqüência imediata, contribuindo para expansões não apenas do tempo, mas também do espaço e da matéria, outras formas combinatórias das categorias Performance e Instalação são manifestadas, tais como, Video-Performance, Video-Instalação, além de Ambientes de Imersão e Telepresença. Essas duas últimas, através da utilização de novas mimas eletrônicas, criam um novo espaço de performação a partir de um espaço cênico comunicacional que é disseminado em ambiente de Internet. E todas essas manifestações surgem, indicando sinais da incorporação de matérias, espaços e tempos não-contíguos, delineando assim, a presença de um corpo que se estende além dele mesmo. Nesse contexto, interessa, portanto, estudar os novos agenciamentos do corpo no espaço que denominamos de relacional, espaço esse que pode ser tanto físico quanto digital e que se caracteriza, sobretudo, como um espaço de compartilhamento, envolvimento e negociações através das conexões que se estabelecem entre obra, recepção, autoria e tudo que possa derivar. Para exemplificar esses eventos estamos propondo cinco ampliações, de acordo com as mediações ou agenciamentos que os mesmos se aplicam, distribuídas nos segmentos - Na Carpa da Outra, Nas Próteses, Nos Objetos, No Espaço Ffsico e Na Espaço Digital - analisados através de procedimentos apresentados, a partir da década de 1990, por alguns artistas brasileiros: Michel Groisman, Yiftah Peled, Jorge Menna Barreto, Ricardo Basbaum, Laura Lima, Brígida Baltar, Ernesto Neto, Edgard de Souza, Franklin Cassaro, Mariana Silva da Silva, Edouard Fraipont, Amilcar Packer, Eduardo Kac, Grupo Corpos Informáticos e Projeto Perforum

ASSUNTO(S)

comunicacao proteses espaco digital objetos corpo humano na arte espaco fisico

Documentos Relacionados