Identificação de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade na Microrregião Geográfica de Erechim, RS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A alta taxa de desmatamento das florestas tropicais tem se revelado um grande desafio aos programas conservacionistas. A redução do tamanho original das áreas florestais naturais e o isolamento causado pela fragmentação destas áreas constituem grandes ameaças à conservação da biodiversidade. Neste contexto, a Mata Atlântica constitui uma das florestas mais ricas e ameaçadas do mundo com necessidade urgente de conservação, manejo e recuperação. Desta forma, estudos que contemplem a análise da dinâmica de paisagens constituem em atividades fundamentais para uma gestão integrada dos recursos naturais em escala local e regional, fornecendo subsídios para o planejamento estratégico e para o manejo ambiental de paisagens intensamente fragmentadas. Este trabalho teve como objetivo a identificação e a análise de remanescentes de vegetação natural e semi-natural prioritários para a conservação da biodiversidade na Microrregião Geográfica de Erechim (RS), sujeitos à dinâmica ambiental dos processos de perda, fragmentação e regeneração de habitats, como subsídio para a elaboração de planos voltados à conservação, bem como para a futura ampliação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Os procedimentos foram realizados nos SIGs IDRISI ANDES e MAPINFO PROFESSIONAL 8.0 e envolveram: verificação da dinâmica de perda, fragmentação e regeneração de habitats, utilizando imagens dos satélites LandSat (TM5 - 1984 e 1992) e LandSat 7 (ETM - 2002); análise da integridade ecológica dos fragmentos por meio do Indicador de Integridade Ecológica (IIE) com base nas informações referentes aos fragmentos de vegetação, Idade Mínima Provável (IMP) das áreas dos fragmentos e de um Gradiente Borda-Interior (GBI); avaliação da suscetibilidade dos fragmentos aos riscos ambientais com a utilização de quatro fatores (distância à cobertura florestal, distância à rede hidrográfica, proximidade aos centros urbanos e proximidade à malha viária); culminando na identificação de áreas prioritárias para a conservação por meio da correlação entre os dados referentes à suscetibilidade aos riscos ambientais e integridade ecológica. Não ocorreram grandes perdas na área total ocupada por vegetação, a qual apresentou uma ampliação entre os anos de 1984 e 1992 (5,07%) e posterior redução entre 1992 e 2002 (5,36), mantendo-se em apenas 16% da área total da região em 2002. Mais de 86% dos fragmentos possui área inferior a cinco hectares, representando 23% da área total ocupada por vegetação, sendo que apenas 102 fragmentos possuem área superior a 100 ha, representando 19% da área total de vegetação. Áreas que aparentemente não sofreram alterações de superfície no período analisado, apresentando IMP de 20 anos, corresponderam a 56,4% da área total de vegetação. Na análise do GBI, foi constatado que 26% da área da vegetação se localiza no interior (considerada como área distante em mais de 60 m a partir da borda com a fronteira não vegetada) dos fragmentos, sendo mais de 70% representada por área de borda. O IIE variou de zero a 95, sendo que mais de 96% dos fragmentos foram classificados entre as classes de menor integridade, representando 46% da área total de vegetação e 1,3% dos fragmentos revela áreas com maior relevância para conservação da biodiversidade, com maior integridade de habitats no que se refere aos fragmentos com maior idade e com menor área de borda. Na análise de riscos 37% dos fragmentos estão menos sujeitos aos riscos, sendo que as áreas com maiores riscos totalizam 38% dos fragmentos, mais de 26.000 ha de vegetação. Na análise de áreas prioritárias, foram identificados 177 fragmentos com maior prioridade para conservação, compreendendo aproximadamente 20.000 ha de vegetação. Os dados obtidos orientam à identificação de fragmentoschave com maior potencial para a conservação da biodiversidade regional. Neste sentido, a avaliação da correlação entre a integridade ecológica e a suscetibilidade aos riscos ambientais dos remanescentes de vegetação, submetidos aos processos de perda, fragmentação e regeneração de habitats apresentouse efetiva no auxilio desta identificação, podendo ser uma alternativa em curto ou médio prazo para a delimitação de áreas com potencial para conservação como subsídio para estudos mais específicos, em nível de populações e comunidades de flora e fauna.

ASSUNTO(S)

ecologia mata atlântica ecologia sistemas de informações geográficas conservação da biodiversidade ecologia da paisagem

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