Hospitalização integral para o tratamento de transtornos alimentares: características e resultados / Inpatient treatment of eating disorders: characteristics and results

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/10/2012

RESUMO

Os transtornos alimentares (TA) são doenças graves de etiologia multifatorial, que cursam com alterações importantes no comportamento alimentar e complicações clínicas como desnutrição e distúrbios hidroeletrolíticos, além de comorbidades psiquiátricas. A hospitalização integral é uma modalidade terapêutica indicada quando o seguimento ambulatorial não atinge resultados satisfatórios associados à piora dos sintomas. O objetivo deste estudo foi descrever as características e resultados da hospitalização dos pacientes com TA atendidos pelo Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Dados antropométricos, bioquímicos e clínicos foram coletados a partir da revisão de prontuários dos pacientes internados durante o período de 1982 a 2011. Como resultado, observou-se que das 186 pessoas que receberam atendimento pelo serviço, 44,6% deles (n=83) necessitaram de no mínimo, uma internação durante o tratamento. A predominância foi do sexo feminino (95,2%), da raça branca (94%), solteira (76%) e sem filhos (78,3%). Cursavam o ensino médio (50,6%) com idade de 23,3±10,8 anos. O diagnóstico era de anorexia do tipo restritivo (AN-R) para 54,2% (n=45) deles, 31,3% (n=.26) apresentavam anorexia do subtipo compulsão periódica/purgativo (AN-CP) e 14,5% (n=12) tinham bulimia nervosa (BN). A média de internações foi de 1,9±3,9 vezes sendo que 73,5% (n=61) dos pacientes foram internados apenas uma vez, por 41,2±37,6 dias. Para aqueles que precisaram dessa modalidade de tratamento por mais de uma vez, a duração da hospitalização, considerando todas as internações, foi de 70,6±115,9 dias com extensa variação (3 a 804 dias). Não foi observada associação entre o número de internações com o Índice de Massa Corporal (IMC) e com o tempo de sintomas antes do diagnóstico. O IMC dos pacientes mudou significativamente (p<0,05) durante a internação (para o grupo com AN-R: de 13,5kg/m2 para 14,8kg/m2 ; para os com AN-CP: de 15,7kg/m2 para 16,9kg/m2 ; naqueles com BN: de 22,0kg/m2 para 21,0kg/m2 ). A amenorréia esteve presente em 69% (n=45) das mulheres, sendo mais frequente naquelas com AN-R (65,1%). Dos 23 pacientes (27,7%) que realizaram o exame de densitometria óssea, 44,4% (n=10) apresentam osteopenia e 29,7% (n=7) osteoporose. Os valores médios da maioria dos parâmetros bioquímicos avaliados estavam dentro da normalidade, com exceção do beta-caroteno, que encontrava-se elevado, tanto no início quanto no final da internação. A Nutrologia foi a enfermaria na qual a maioria das internações ocorreu (79,5%) e a necessidade de terapia nutricional foi a indicação mais frequente (62,3%). A via de administração de nutrientes preferencialmente utilizada foi a via oral (67,5%), apesar de ter sido observado aumento de 2,3 vezes na escolha da terapia nutricional enteral exclusiva nos pacientes que foram internados mais de uma vez. O acompanhamento multidisciplinar foi evidenciado, pois além do médico, houve a participação maciça de nutricionistas (87,9%) e psiquiatras (72,3%). Como conclusão, a hospitalização integral é uma modalidade bastante indicada no tratamento de pacientes com TA, mas sua duração é prolongada e requer a assistência de diversos profissionais. No entanto, quando indicada a partir de critérios bem estabelecidos proporciona melhora no estado nutricional. Futuros estudos são necessários para ampliar e aprofundar os resultados encontrados possibilitando o aprimoramento de condutas terapêuticas.

ASSUNTO(S)

anorexia nervosa anorexia nervosa bulimia nervosa bulimia nervosa eating disorders hospitalização inpatient treatment transtornos alimentares

Documentos Relacionados