História evolutiva das espécies não-andinas de Scytalopus inferida através da variabilidade no DNA mitocondrial
AUTOR(ES)
Helena Mata
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005
RESUMO
Em decorrência da grande semelhança morfológica e da condição críptica de algumas de suas espécies o gênero Scytalopus representa um dos grupos de aves de taxonomia mais difícil. Até o presente, a identificação das espécies vinha sendo obtida basicamente através de sua distribuição geográfica e bioacústica, o que se mostrou pouco efetivo para o conhecimento mais detalhado das espécies e suas relações. Com este estudo pretende-se conhecer as relações filogenéticas das espécies brasileiras de Scytalopus, até então indefinidas, e colaborar para o reconhecimento de novas espécies. Foram estudadas as cinco espécies descritas atualmente: S iraiensis, S. novacapitalis, S. speluncae, S. indigoticus e S. psychopompus e duas espécies novas sendo descritas: S. sp. nov. 1 da Serra do Espinhaço e S. sp. nov. 2 do sul do Brasil. Foram analisados os segmentos dos genes mitocondrial ND2, citocromo b e da região controle utilizando-se métodos de Distância, Máxima Parcimônia e Máxima Verossimilhança, resultando em uma hipótese filogenética consistente.As espécies de Scytalopus brasileiras apresentam-se divididas em dois grandes grupos: (1) S. indigoticus/psychopompus; (2) S. speluncae lato sensu, compreendendo as espécies S. speluncae, S. iraiensis, S. novacapitalis e as duas espécies novas. Scytalopus speluncae stricto sensu mostrou-se subdividida em três clados geograficamente estruturados: (1) ao norte, (2) ao sul da distribuição e (3) um indivíduo amostrado na Serra da Ouricana (BA). Estes clados muito provavelmente representam três diferentes espécies, sendo duas novas (sul e da Serra de Ouricana). Corroborou-se a validade do status específico de S. psychopompus, que apresentou divergência genética de 8,4% (ND2) de sua espécie irmã (S. indigoticus). A espécie S. sp. nov. 2, apresentou-se subdividida em três populações genética e geograficamente diferenciadas, constituindo assim unidades evolutivas distintas. A filogenia e as delimitações de espécies novas propostas neste estudo, são corroboradas por evidências morfológicas e bioacústicas obtidas em campo por especialistas. Além da contribuição para sistemática, os resultados poderão auxiliar diretamente na conservação destas espécies, pois existe um consenso na literatura que uma incorreta taxonomia pode levar a decisões errôneas na conservação. Um exemplo claro disto é o indivíduo de S. speluncae da Serra da Ouricana (espécie nova a ser descrita), que pertence a uma população isolada, de local problemático para conservação, com várias outras espécies endêmicas ameaçadas, necessitando de medidas imediatas de conservação.
ASSUNTO(S)
filogenia zoologia pÁssaros - taxionomia aves - espÉcies ornitologia
ACESSO AO ARTIGO
http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=55Documentos Relacionados
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