Habitantes da cibercultura : corpos 'gordos' nos contemporâneos modos de produzir a si e aos 'outros'

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O que estamos fazendo de nós mesmos?” é uma inquietação nietzschiana que percorre o decorrer desse estudo. Tal inquietação leva‐me a construir uma trajetória de pesquisa em que a tônica está em almejar compreender – a partir da perspectiva dos Estudos Culturais pós‐estruturalistas – como está se dando, contemporaneamente, a produção de si e dos ‘outros’ numa cultura tão marcada por discursos relacionados aos corpos. Para operacionalizar esse estudo o corpus refere‐se a comunidades do orkut, mais especificamente as comunidades Eu odeio gordas, Eu odeio gordas que se acham e No Food, assim como blogs presentes no ciberespaço que possam contribuir nas argumentações. A escolha de tal corpus deve‐se pelas peculiaridades da internet, as quais propiciam que sujeitos expressem mais abertamente coisas sobre si e sobre os outros. As discussões referem‐se, então, sobre: a) produções de si que, conectadas a discursos que envolvem normalizações corporais contemporâneas, envolvem aprendizagens que se dão a partir de elementos urdidos na cultura. São considerados, assim, o quanto a cultura intervém nos processos que envolvem sujeitos assujeitados a práticas de bio‐ascese, as quais são fruto de objetivações produzidas num entorno maior, o qual engloba o uso de técnicas para efetuações de aprendizagens para a produção do que nós estamos sendo; b) as tensões entre corpos ‘magros’ e corpos ‘gordos’ os quais trazem, consigo, um acirramento em práticas racistas, que envolvem a apartação e separação dos nomeados como ‘outros’, numa desenfreada busca pela ‘pureza’. O imperativo da saúde, nesse ínterim, também é assinalado como um produtivo locus para a criação dos nomeados como ‘diferentes’, tendo em vista que uma quantidade considerável de escritas sobre os ‘outros’ analisadas se apóiam em discursos advindos desse imperativo para marcar e demarcar quem são os ‘outros’; c) escritas que mostram o quanto certas situações cotidianas que envolvem a diminuição desse ‘outro’ marcado conforme a sua imagem corporal produz certos modos de sentir associados a escritas dolorosas, as quais mostram o tamanho do sofrimento que as nomeações produzem; d) o quanto a retomada da ética pode ser fecunda para a criação de modos de existências que resistam aos inúmeros imperativos dircionados a nós, tais como os ‘tirânicos’ imperativos relacionados aos corpos. Há, em suma, uma inseparabilidade entre as questões “o que estamos fazendo de nós mesmos?”, “o que estamos fazendo de nossos corpos?” e, ainda, “o que estamos fazendo com os ‘outros’?”.

ASSUNTO(S)

corpo : imagem  bodies cibernética productions of oneself differences  ethics    cyberculture

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