Guardiãs da memória: tecendo significações de si, suas fotografias e seus objetos / Women guardians of memory: weaving meanings of themselves, their photographs and their objects

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Os guardiões da memória se constroem - e aceitam ser posicionados - como narradores privilegiados das histórias da família. Suas práticas narrativas são acompanhadas, transformadas e reforçadas pela coleção de objetos: cachinhos de cabelo, fotografias, cartas, cartões postais etc. Assim, objetivo deste estudo foi identificar os significados que orientaram a identificação de mulheres guardiãs da memória, entendendo que o self é formado pelo conjunto de posicionamentos, ou seja, pelas identificações que o EU assume no espaço interativo. Para tanto, realizamos entrevistas, individuais, narrativas e episódicas com cinco mulheres guardiãs da memória, com idade entre 38 e 70 anos, em quatro encontros. No primeiro, ouvimos as histórias de vida; no segundo, as entrevistas episódicas foram gravadas; na terceira, trabalhamos com os guardados e gravamos os comentários sobre eles e, no quarto encontro, ouvimos as histórias de cada fotografia selecionadas por elas. Os dados totalizaram 15 horas e 43 minutos de gravação em áudio que foram totalmente transcritos. Os dados foram submetidos a uma leitura intensiva e a uma análise temática dialógica que resultou na construção de um mapa de significados da história de vida de cada guardiã. As fotografias e os objetos foram analisados e quantificados e, finalmente, um mapa comum as cinco guardiãs foi construído. Os resultados indicaram que: a) as histórias de vida de mulheres guardiãs da memória estavam fortemente ligadas às histórias de sua família e a diferentes noções de tempo e espaço; b) as mulheres se tornam guardiãs em momentos de mudança da sua história, mudanças que individual e coletivamente são importantes e repercutem não só para a pessoa em si, mas também para o grupo familiar e c) estas mulheres se posicionam como guardiãs a partir de suas práticas de colecionar objetos. Os objetos são a concretização da memória. Portanto, podemos dizer que as identificações como guardiãs da memória foram construídas pela atividade que elas desenvolviam em suas famílias e pelas conseqüências do seu posicionamento como guardiãs. Finalmente, podemos afirmar que para falar de si, essas mulheres costuraram o tempo-espaço para trazerem personagens da família para compor suas histórias, além de evidenciar o processo dialógico da identificação. Falar sobre si envolve um processo dialógico e, por isso, uma prática polifônica que requer a participação de diferentes personagens posicionados em muitos contextos que ajudam o EU, como self-dialógico, a se posicionar na história.

ASSUNTO(S)

psicologia psicologia cultural. identification mulheres guardiãs da memória identificação coleção de objetos cultural psychology. meanings life histories i-positions história de vida women guardians of memory kept safe objects significados posições-eu

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