Fósseis do afloramento Santa Irene, cretácio superior da Bacia Bauru : inferências paleoecológicas / Fossils of outcrop, upper cretaceous Bauru Basin : paleoecological inferences

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/06/2011

RESUMO

O Afloramento Santa Irene tem sido considerado um dos mais significativos da Bacia Bauru, na Formação Adamantina, pela abundancia e boa conservação de fósseis associados ali encontrados, como dentes isolados de arcossauros carnívoros associados a fósseis de um dinossauro saurópode herbívoro. Os fósseis foram coletados nos anos de 1997 e 1998, na área rural do Município de Monte Alto - SP, e hoje compõem parte do acervo do Museu de Paleontologia de Monte Alto. Os dentes isolados de tal afloramento são o principal material de estudo deste trabalho, que, acrescidos a outros dados obtidos através da análise das feições bioestratinômicas e geológicas da região, permitiram tecer uma interpretação paleoecológica para o Afloramento Santa Irene. Foram analisados vinte e seis exemplares de dentes de arcossauros carnívoros, sendo dezoito deles enquadrados como Theropoda e oito como elementos dentários pertencentes aos Crocodyliformes. Os dentes de Theropoda se distinguem daqueles de Crocodyliformes por serem os primeiros mais achatados lateralmente, além de apresentarem serrilhas. Foi possível constatar que quatorze dos dezoito exemplares classificados dentro da Subordem Theropoda apresentam características pertencentes à Ceratosauria, família Abelisauridae, e Maniraptora, família Dromaeosauridae. A coleção de dentes de Crocodyliformes coletados no afloramento Santa Irene consiste de oito exemplares em geral cônicos, com estriamento ao longo da carena, podendo ou não apresentar bordos serrilhados e seção basal arredondada, sendo possível classificá-los dentro da família Trematochampsidae. Os fósseis articulados e com pouco desgaste do Aeolosaurus indicam um soterramento parcial logo após a morte ou ainda na fase de destruição de seus elementos não esqueléticos. A observação do afloramento e do seu entorno permitiu deduzir que a região apresentava rios, possivelmente, entrelaçados com deposição sazonal de sedimentos e períodos de estabilidade com a formação de solos incipientes. Durante os períodos interdeposicionais e de formação do solo, nota-se a ocorrência da precipitação de minerais, dando origem à formação de calcretes, resultado de períodos secos marcantes. O afloramento Santa Irene representa a deposição de rios que formavam barras arenosas, nas quais diversos grupos de animais buscavam água e alimento. Conclui-se que estes animais habitavam ou transitavam por aquele ambiente, pois não há sinais de que os fósseis tenham sido transportados até o local no qual foram coletados, mas sim que a carcaça do Aeolosaurus serviu de alimentação para outros animais no local de sua morte. Desta forma, o material analisado permitiu a reconstituição de um retrato impar de um ecossistema a muito extinto.

ASSUNTO(S)

paleontologia rochas sedimentares paleontology rocks sedimentary

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