Formação do psicólogo: perspectivas de alunos de um curso de graduação / Graduation in Psychology: prospects of students of a university

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A profissão e formação do psicólogo vêm sendo discutidas na literatura, assim como o papel do profissional de Psicologia junto à sociedade brasileira, principalmente, a partir de 1975, publicação do estudo pioneiro de Sylvia Leser de Mello. Naquela época, demonstrava-se a preocupação existente em torno das áreas de aplicação da Psicologia e suas funções sociais, mostrando a escassa participação de profissionais fora da clínica. Também se apontava a inadequação do Ensino Superior, que tinha um caráter excessivamente teórico. A crítica ao papel da instituição universitária na formação continua presente em vários estudos mais atuais relativos a este tema. Atualmente, os estudos abordam desde necessidades sociais e o significado social da atuação do psicólogo, até discussões sobre as relações entre concepções ou imagens do psicólogo com o currículo de formação e o efeito sobre a atuação. Alguns autores questionam as formas cristalizadas de saber, que excluem o aluno do processo de construção do conhecimento e impedem a politização do que foi aprendido. Os objetivos deste trabalho consistem em identificar as concepções e relatos de experiências vividas de alunos de Psicologia a respeito de seu curso e sua formação, visando compreender um pouco melhor este universo amplo que gera relevante mobilização no meio acadêmico da Psicologia. Os participantes da pesquisa são estudantes de terceiro a quinto ano de graduação de Psicologia de uma Universidade Pública. Os procedimentos de coleta de dados são entrevistas individuais, que oferecem temas como disparadores de uma associação por parte dos estudantes e entrevistas em Grupos Focais. Para a análise dos dados, utilizou-se a Análise de Conteúdo, em uma abordagem qualitativa. Os resultados demonstram críticas dos alunos com relação à carga horária mal distribuída do curso, às aulas pouco satisfatórias, à falta de prática e excesso de teoria descontextualizada nos primeiros anos de formação, além da desarticulação entre os professores e do conteúdo do curso. Os alunos também apontam a necessidade de transformação do sistema de avaliação que deve conter maior coerência e sentido. Sobre o curso em geral, afirmam que é um espaço subjetivo e valorizam as experiências fora de sala de aula. Além disso, relatam sobre um modo de ser próprio do psicólogo que surge ao longo da formação e da necessidade de um espaço que deveria ser oferecido pela instituição universitária aos alunos para o acolhimento e elaboração de suas dificuldades relacionadas ao curso. Os dados permitem a confirmação de algumas constatações da literatura e discordam de outras. Além disso, permitem uma reflexão da análise da instituição e de suas relações em detrimento da análise apenas de situações pontuais. Assim, foi possível concluir que os alunos demonstram insatisfação com aspectos centrais do curso, tais como: aulas, avaliações, carga horária, conteúdos, atividade prática e a inexistência de um serviço de apoio psicológico dirigido aos próprios estudantes. Estes elementos apontam para uma necessidade de transformação por parte da instituição, visando não somente uma modificação isolada dos aspectos citados, mas a criação de espaços de análise da instituição como um todo.

ASSUNTO(S)

estudantes de psicologia students of psychology ensino superior formação do psicólogo psychological graduation training of psychologists

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