Formação de palavras compostas em português brasileiro : uma análise de interfaces

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Na presente tese, defende-se a ideia de que a composição – processo de formação de palavras produtivo em português – é um fenômeno de interface, uma vez que envolve informação fonológica, morfológica e sintática, além, obviamente, de informação de natureza semântica. Nosso objetivo geral é formalizar essa interação de modo a prover uma gramática não modular dos compostos, isto é, uma gramática por meio da qual podemos mostrar a interação de fatores fonológicos, morfológicos e sintáticos. Para situarmos a relação fonologia – morfologia – sintaxe, necessitamos dispor de um arsenal teórico que permita algum grau de referência simultânea aos três componentes gramaticais supracitados. Nesse sentido, julgamos que a Teoria dos Constituintes Prosódicos (Nespor e Vogel, 1986; Selkirk, 1984 e 1986) e a Teoria da Otimidade (Prince e Smolensky, 1993; McCarthy e Prince, 1993) são adequadas aos propósitos da tese que defendemos. Enquanto a primeira focaliza a fonologia em contextos menores e maiores que o morfema (como a palavra e o sintagma, nesse último caso), a segunda permite a postulação de restrições que fazem referência, ao mesmo tempo, à fonologia e a outros componentes da gramática. A partir desse referencial teórico e da análise de estudos anteriores sobre a composição (como Lee, 1995; Moreno, 1997; Vigário, 2003 e 2006, entre outros), buscaremos responder as seguintes perguntas, as quais traduzem nossos objetivos específicos: (1) no âmbito da hierarquia prosódica, em que medida uma sequência de palavras que forma um composto se distingue de uma sequência de palavras que forma um constituinte maior que o vocábulo? (2) tendo em vista a “não naturalidade” do composto na hierarquia prosódica, como formalizá-lo dentro dessa com um custo mínimo para a teoria? (3) como diferenciar composição e derivação? (4) do ponto de vista sintático, como diferenciar compostos e sintagmas? (5) na formalização dessa gramática dos compostos, quais restrições estão envolvidas? A hipótese que norteia nossa pesquisa é de que os compostos possuem estrutura própria que os diferencia de outras unidades – seja na fonologia (em que se estrutura como palavra prosódica recursiva) ou na sintaxe (em que se distingue do sintagma por violação a uma restrição de alinhamento) – e da palavra derivada (nesse caso, também pela atuação de uma restrição de alinhamento). A confirmação ou a rejeição dessas hipóteses deve revelar o mecanismo que subjaz à formação de palavras compostas no PB.

ASSUNTO(S)

fonologia morfologia sintaxe língua portuguesa formacao de palavras composição de palavras derivação de palavras

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