Fenologia da floraÃÃo, ecologia da polinizaÃÃo e conservaÃÃo de Bromeliaceae na Floresta AtlÃntica Nordestina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Este trabalho consiste do estudo da fenologia da floraÃÃo e das guildas de polinizaÃÃo de espÃcies de Bromeliaceae ocorrente em remanescentes de Floresta AtlÃntica Nordestina, alÃm de estudos de caso com espÃcies de Bromeliaceae endÃmicas e ameaÃadas de extinÃÃo. Adicionalmente, foram analisados os nÃveis de raridade, pressÃo antrÃpica e conservaÃÃo de representantes dessa famÃlia na Floresta AtlÃntica Nordestina. No primeiro capÃtulo foi analisada a relaÃÃo entre as guildas de polinizadores e os atributos florais e grupos ecolÃgicos, alÃm da fenologia da floraÃÃo de uma comunidade de Bromeliaceae em um remanescente de Floresta AtlÃntica Montana no sul de Pernambuco. NÃo foi encontrada correlaÃÃo entre a precipitaÃÃo pluviomÃtrica e o total de espÃcies floridas, com a oferta de flores ao longo do ano. A estratÃgia fenolÃgica do tipo disponibilidade regular e a ornitofilia foram predominantes e geralmente estÃo associadas com plantas epÃfitas e facultativas de flores longo-tubulosas. O volume de nÃctar varia entre 2,27 a 646,5 μl (n = 28 espÃcies), sendo em geral pouco concentrado (<30%). O volume mÃdio de nÃctar variou significativamente entre as guildas de polinizaÃÃo (H = 11,32, gl = 2, p = 0,0035, n = 28 spp.). A concentraÃÃo mÃdia de aÃÃcares no nÃctar da comunidade foi de 24,51  7,4% (n = 28 spp.), sendo significativamente diferente entre as guildas (F = 3,64, gl = 24, p = 0,0406, n = 28 spp.). Vinte e uma espÃcies sÃo polinizadas ornitÃfilas, nove melitÃfilas, quatro quiropterÃfila e uma esfingÃfila. Os beija-flores Glaucis hirsuta, Phaethornis ruber e Thalurania watertonii foram os principais polinizadores das bromÃlias ao longo do estudo. As Bromeliaceae ornitÃfilas respondem por quase metade das plantas da comunidade ornitÃfila local. O percentual de espÃcies polinizadas por abelhas (26%) parece bem maior do que o obtido para Ãreas Ãmidas. Houve predomÃnio das espÃcies autocompatÃveis (64,7%) sobre as auto-incompatÃveis (35,3%), nÃo evidenciando relaÃÃo entre autocompatibilidade e distribuiÃÃo geogrÃfica das espÃcies. No segundo capÃtulo foram investigados os nÃveis de raridade de 72 espÃcies de bromÃlias ocorrentes na Floresta AtlÃntica Nordestina (FAN) baseado em registros histÃricos de herbÃrios e visitaÃÃes em 239 localidades. Para isto, as espÃcies foram aupadas em uma matriz hierÃrquica considerando vÃrios grupos ecolÃgicos: forma de vida, hÃbitat, guilda de polinizadores e dispersores. Constatou-se que 44% das espÃcies se encontram na Categoria VIII de raridade, representadas por espÃcies de distribuiÃÃo restrita, com um ou dois registros de herbÃrio e pequenas populaÃÃes e apenas 12,5% das espÃcies estÃo na Categoria I. Foram considerados extintos localmente na natureza 12,3% dos registros histÃricos de herbÃrio. As extinÃÃes de populaÃÃes locais incluem 29 casos (8,7% dos registros histÃricos) nos quais os fragmentos desapareceram completamente. As extinÃÃes locais foram significativamente mais freqÃentes entre aquelas populaÃÃes registradas nas dÃcadas de 20 e 70 (79,4%), e mbora populaÃÃes registradas ainda na dÃcada de 90 tambÃm tenham sido extintas na natureza. Os dados obtidos no present Ãam as seguintes idÃias: (1) A anÃlise de raridade (padrÃo âversusâ grupos ecolÃgicos) à uma poderosa ferramenta para identificar subgrupos de espÃcies mais vulnerÃveis a extinÃÃo; (2) ExtinÃÃes locais e regionais provocadas pela fragmentaÃÃo florestal sÃo processos em curso na Floresta AtlÃntica e (3) VÃrias espÃcies parecem condenadas à extinÃÃo global na FAN em virtude do pequeno tamanho das populaÃÃes e da viabilidade das mesmas à longo prazo. No terceiro capÃtulo foram investigadas a fenologia da floraÃÃo, a polinizaÃÃo e o sistema reprodutivo de Araeococcus parviflorus e Lymania smithii, duas espÃcies endÃmicas e ameaÃadas de extinÃÃo da Floresta AtlÃntica Nordestina. Observou-se que as espÃcies apresentam distribuiÃÃo espacial semelhante, ocorrendo no sub-bosque, apresentam floraÃÃo sincrÃnica em plena estaÃÃo seca e utilizam a mesma guilda de polinizadores. No entanto, o comportamento fenolÃgico das espÃcies variou significativamente entre os anos e entre as espÃcies. Adicionalmente, ambas as espÃcies apresentam diferenÃas no sistema reprodutivo, enquanto Araeococcus parviflorus à auto-incompatÃvel, Lymania smithii à auto-compatÃvel. Em funÃÃo das variÃveis analisadas, concluiu-se que ambas as espÃcies sÃo vulnerÃveis à fragmentaÃÃo devido a polinizaÃÃo dependente de abelhas solitÃrias e oligolÃticas que, por sua vez, incrementam a produÃÃo de frutos e sementes em Lymania smithii, alÃm da necessidade de sombreamento obrigatÃrio. Araeococcus parviflorus parece ainda mais vulnerÃvel à fragmentaÃÃo devido à baixa formaÃÃo de frutos em condiÃÃes naturais, que pode estar associada à escassez de polinizadores e a presenÃa de auto-incompatibilidade. Finalmente, no Ãltimo capÃtulo, foi analisada a polinizaÃÃo de Cryptanthus dianae, uma espÃcie endÃmica da Floresta AtlÃntica Nordestina. Cryptanthus dianae possui sistema sexual do tipo andromonÃico e sua polinizaÃÃo à realizada por abelhas machos de Euglossini, sendo o odor o principal recurso floral coletado. O perfume considerado como atrativo floral primÃrio, à conhecido em apenas oito famÃlias de Angiospermas, sendo reportado aqui pela primeira vez em Bromeliaceae

ASSUNTO(S)

anatomia vegetal guildas de polinizaÃÃo conservaÃÃo bromeliaceae nordeste do brasil fenologia de floraÃÃo sistema reprodutivo floresta atlÃntica fragmentaÃÃo florestal recursos florais raridade

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