Fatores relacionados à prevalência de incapacidades físicas em hanseníase na microrregião de Diamantina, Minas Gerais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/03/2012

RESUMO

A hanseníase é importante para a saúde pública devido ao seu poder incapacitante, atingindo, principalmente, a faixa etária economicamente ativa. Quando o diagnóstico é tardio, podem apresentar lesões neurais e incapacidades físicas. A microrregião de Diamantina apresentou, em 2008 e em 2009, 50,0% e 31,0% de seus casos novos com grau 2 de incapacidade física, respectivamente. O objetivo deste trabalho foi analisar os fatores relacionados à ocorrência de incapacidades físicas entre os casos notificados de hanseníase nos municípios da microrregião de Diamantina. Optou-se por uma pesquisa epidemiológica do tipo coorte retrospectiva, descritiva e analítica. Foram entrevistados os pacientes que realizaram tratamento de hanseníase entre os anos de 2005 e 2010. A amostra foi constituída por 71 participantes. Foi elaborado um instrumento de coleta de dados, contendo informações das fichas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e das entrevistas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa/Universidade Federal de Minas Gerais, parecer ETIC 0512.0.203.000-10, conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa. Realizou-se uma caracterização da microrregião, elegendo-se os fatores socioeconômicos, demográficos, clinico-epidemiológicos e de acesso aos serviços de saúde, durante o diagnóstico e tratamento da hanseníase. Verificaram-se problemas de preenchimento do SINAN em variáveis como episódios reacionais e grau de incapacidade na cura. Encontraram-se em municípios silenciosos, próximos a hiperendêmicos, 73,2% de casos multibacilares, 78,9% de diagnósticos com algum grau de incapacidade física, leve predominância do sexo feminino e baixa renda familiar. Praticamente inexistia a busca ativa para detecção da hanseníase. A população buscou tardiamente as unidades de saúde, após aparecimento das primeiras manifestações da doença. A Estratégia de Saúde da Família se destacou como os principais locais de diagnóstico e tratamento; o tempo necessário para realização do diagnóstico foi em torno de um mês e os pacientes foram assistidos por mais de dois profissionais de saúde. Poucas informações sobre auto-cuidado, inexistência de atividades educativas em grupo. Na análise bivariada houve relação estatística entre escolaridade (p=0,032), número de nervos acometidos (p=0,006) e dificuldade de deslocamento até os serviços de saúde (p=0,031), com a variável dependente, grau de incapacidade física no diagnóstico. Percebeu-se pequena evolução no sentido de melhora das incapacidades físicas quando comparados os momentos de diagnóstico e cura, com uma tendência a estagnação. Conclui-se que existe uma forte influência do nível de instrução da população para o reconhecimento dos principais sintomas da hanseníase. Apesar da melhoria de acesso aos serviços de saúde, com advento da implantação da Estratégia de Saúde da Família, há ainda uma necessidade de maior organização das ações de atenção à hanseníase. É imperativo um maior investimento em espaços de educação em saúde, voltados para a realidade das localidades, para que a população e os profissionais reconheçam precocemente os sinais da hanseníase, evitando diagnósticos tardios e com incapacidades físicas.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses.

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