Fatores de prognostico gestacional em mulheres com aborto espontaneo recorrente

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O aborto espontâneo é uma ocorrência freqüente na vida reprodutiva dos casais. Quando ocorre por três ou mais vezes subseqüentes é chamado aborto espontâneo recorrente, sendo relacionado com alterações genéticas, anatômicas, hormonais, infecciosas, imunológicas e outras. Os fatores imunológicos vêm sendo amplamente estudados, com bons resultados gestacionais após o tratamento. Contudo, mesmo com avanços no diagnóstico, muitos casos de aborto espontâneo recorrente continuam como de causa desconhecida. Novos fatores ou associações podem influenciar o resultado gestacional. O objetivo deste estudo foi identificar as possíveis causas do aborto espontâneo recorrente, isoladas ou associadas, que poderiam predizer o prognóstico gestacional em mulheres submetidas a um protocolo de investigação e tratamento. Para isso, foi realizado um estudo de caso-controle aninhado em uma coorte histórica, através da revisão de 246 prontuários médicos de mulheres com três ou mais perdas espontâneas sucessivas atendidas no Ambulatório de Perdas Gestacionais do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas entre março de 1994 e julho de 2003. Todas foram submetidas a um protocolo de investigação e tratamento. Foram avaliados dados relativos à idade, antecedentes obstétricos, possíveis etiologias para a recorrência do aborto, tratamentos realizados e resultados gestacionais. A análise estatística envolveu odds ratio e análise por Regressão Logística. Das 246 mulheres incluídas no estudo, 17 não possuíam registros de resultados neonatais e foram excluídas, perfazendo o total de 229 mulheres estudadas. A maior parte delas (86%) tinha entre 25 e 39 anos. Após a aplicação do protocolo, e de acordo com o resultado da gestação, as mulheres foram divididas em dois grupos: 170 evoluíram para parto (Grupo 1) e 59 evoluíram para aborto (Grupo 2). O fator imunológico, principalmente o aloimune, foi o mais freqüentemente encontrado (93,9%). Mulheres com fator aloimune isolado obtiveram melhores resultados gestacionais do que aquelas com a associação de outros fatores. Não foi encontrada associação entre o número de abortos prévios ao tratamento e o resultado gestacional. Mulheres com 40 anos ou mais apresentaram a mais alta taxa de aborto espontâneo e o pior prognóstico gestacional (OR 5.83 95% CI 1.12-30.40). Concluímos que a idade acima de 40 anos, a presença de fatores imunológicos e a associação de dois ou mais fatores conferiram o pior prognóstico gestacional às mulheres avaliadas.

ASSUNTO(S)

imunologia fatores de risco aborto habitual

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