Fatores associados à letalidade e impacto da terapêutica em infecção de corrente sanguínea por Acintetobacter baumannii resistente a carbapenem em hospital universitário / Factors associated with mortality and impact of therapy in patients with bloodstream infections caused by carbapenem resistant Acinetobacter baumannii in a university hospital

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/04/2011

RESUMO

Acinetobacter baumannii é um dos principais agentes causadores de infecção associada à assistência a saúde, e, portanto, a melhor compreensão dos fatores associados à letalidade e fatores de risco para aquisição de Acinetobacter baumannii multirresistentes em pacientes com infecção de corrente sanguínea, bem como dados a respeito da escolha terapêutica, são necessários. Objetivos: Analisar os fatores associados a letalidade em pacientes com infecção de corrente sanguínea (ICS) por Acinetobacter baumannii resistente à carbapenêmicos e avaliar o impacto da terapêutica dos pacientes tratados com polimixina B ou ampicilina-sulbactam. Método: Trata-se de um estudo tipo coorte retrospectivo realizado no Hospital São Paulo durante o período de 01 de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2009. A identificação dos pacientes foi realizada através de levantamento de dados da ficha de notificação de hemoculturas com posterior revisão dos prontuários. Os pacientes foram inicialmente divididos em óbitos e sobreviventes e avaliados quanto a exposição à diversos fatores potencialmente associados à letalidade hospitalar, posteriormente aqueles que foram tratados com os antimicrobianos em questão foram analisados em relação à letalidade em 14 dias. Resultados: Foi identificado um total de 150 episódios de infecção de corrente sanguínea por Acinetobacter baumannii resistente a carbapenêmicos; o sexo masculino foi predominante com 90 pacientes (60%) e a mediana de idade foi 62 anos, quanto a abordagem terapêutica, 60 pacientes (40%) foram tratados com polimixina B, 28 (18,6%) com ampicilinasulbactam. A gravidade avaliada pelo APACHE II foi maior ou igual a 15 em cerca de 70% dos casos. Com relação aos óbitos, houve 116 óbitos que correspondeu a 77% da população estudada e a mediana do tempo decorrido da internação até o óbito foi 35 dias. A análise multivariada identificou o uso de hemodiálise (OR = 3,32, IC 95% 1,03-10,68, p = 0,044) presença de choque séptico (OR = 3,75, IC 95% 1,09 - 12,87, p = 0,036), infecção polimicrobiana (OR = 5,50, IC 95% 1,12 26,92, p = 0,036) e idade mais elevada (OR = 1,04, IC 95% 1,02 - 1,07, p = 0,003) como fatores de risco independentes para mortalidade nesta população. O tratamento com polimixina B ou ampicilina-sulbactam (OR = 0,07, IC 95% 0,02 - 0,33, p = 0,001) foi um fator de proteção. Ao analisarmos especificamente os 88 pacientes que utilizaram polimixina B ou ampicilina-sulbactam, as únicas variáveis que foram preditores de risco para mortalidade em 14 dias foram: idade elevada (OR = 1,04, IC 95% 1,01 - 1,07, p = 0,010) e tratamento com polimixina B (OR = 5,56, IC 95% 1,87 - 16,49, p = 0,002); enquanto a nutrição parenteral (OR = 0,21, IC 95% 0,06 - 0,70, p = 0,011) foi fator de proteção para este grupo. Conclusões: As ICS por A. baumannii resistente aos carbapenêmicos são potencialmente graves e tem como fatores independentes de mortalidade o uso de hemodiálise, a presença de choque séptico, infecção polimicrobiana e idade mais elevada. O tratamento com polimixina B foi fator relacionado à maior mortalidade em comparação com ampicilina-sulbactam. O uso de nutrição parenteral foi relacionado à menor mortalidade.

ASSUNTO(S)

infecções por acinetobacter carbapenemos bacteremia resistência a múltiplos medicamentos microbiologia

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