FAMÍLIA E PODER: A construção do Estado no noroeste cearense do século XIX (1830-1900) / FAMILY AND POWER: The construction of the State of Ceará in the north west of the nineteenth century (1830-1900)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/10/2011

RESUMO

Antes da afirmação de Fortaleza enquanto pólo disciplinar de poder político-burocrático do Estado/Província, as regiões e os moradores dos espaços distantes da capital conheceram uma ordem e uma lei cuja fonte principal era a autoridade arbitrada pela família parental prepotente. A região noroeste do Ceará entre a Serra da Ibiapaba, estendendo-se por quase toda a bacia do rio Acaraú e pelo sertão dos Inhamuns conhecia uma ordem social costurada através das alianças baseadas no compadrio e no parentesco. A criação da Assembléia Provincial (1835), a montagem de uma polícia independente da cabroeira familiar, assim como a distribuição de comarcas e municípios pelos interiores, num processo que se arrastaria por mais de meio século, ajudou a montar uma estrutura burocrática central cujo propósito maior seria o de submeter os interiores provinciais ao pólo central de poder, impondo-lhes outra estrutura de personalidade e outro padrão de civilidade. À medida que a burocracia pública ia se especializando com juízes de direito, promotores públicos e policiais profissionais o Estado/Província ia se distinguindo da família portentosa, e os arroubos de fúria e de violência comuns ao justiçamento privado iam perdendo espaço para a ação impersonal dos burocratas leais ao centro. Privilegiamos as alianças e os atores sociais que estiveram inseridos na região noroeste da província, principalmente nos municípios de Ipu e Sobral, onde os Paula Pessoa, os Pompeu Brasil, os Félix Sousa, dentre outros grupos familiares locais, souberam se adaptar aos novos tempos, infiltrando-se na burocracia e controlando a política local/regional. Ao fim da monarquia e no alvorecer da república, a ação do judiciário municipal, da intendência, da promotoria pública, da câmara de vereadores e das polícias profissionais já havia ocupado grande parte do espaço social antes preenchido pela parentela tradicional prepotente. Isso representou o avanço da rua sobre a fazenda, da cidade sobre a caatinga, e da civilização urbana sobre a barbárie dos costumes da região.

ASSUNTO(S)

historia família poder estado costumes sertão. family power status customs hinterland.

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