Exposição aos agrotóxicos : implicações na saúde de trabalhadres agrícolas de uma região de Campinas-SP / Exposure to pesticides : implications for the health of farm workers in a region of Campinas-SP

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/02/2012

RESUMO

Introdução: No Brasil, a utilização intensiva de agrotóxicos teve início com o II Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-1979), que estimulava compulsoriamente a compra desses produtos pelos agricultores por meio de créditos rurais. Hoje, o país é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Na agricultura, a utilização deste produto é intensiva e multiquímica e pesquisas relacionadas à exposição a longo prazo aos agrotóxicos são escassas, tanto no conhecimento da extensão da carga química de exposição ocupacional, quanto aos danos à saúde. Objetivo: Determinar as características da exposição a longo prazo a agrotóxicos e suas implicações na saúde dos trabalhadores agrícolas de uma região de Campinas-SP. Método: Trata-se de um estudo descritivo transversal realizado em uma região do Distrito de Saúde Norte, do município de Campinas-SP. Foi realizado o arrolamento dos estabelecimentos e trabalhadores agrícolas. Utilizou-se um questionário semiestruturado abordando variáveis socioeconômicas, demográficas e sobre as condições de saúde, as condições de trabalho, o uso de agrotóxicos, episódios de intoxicação e a dosagem das colinesterases. Para o tempo de exposição aos agrotóxicos criou-se um Índice de Exposição, que quantificou e uniformizou o tempo em categorias (baixa, média, alta e muito alta exposição). Resultados: Participaram do estudo 36 estabelecimentos agrícolas e 205 trabalhadores. O número de trabalhadores que recusaram e/ou foi excluído do estudo perfizeram um total de 14,9%. A população estudada foi constituída predominantemente por adultos jovens do sexo masculino, assalariados (66,8%) e que desenvolvem atividades agrícolas com exposição a agrotóxicos há mais de 10 anos (63,9%). Dentre os trabalhadores, 11,7% relataram um episódio de intoxicação por agrotóxicos e 2% nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa. Foram citados 144 nomes comerciais de agrotóxicos, aos quais os trabalhadores foram expostos, isso deu uma média de 4,1 tipos de agrotóxicos (IC 95% 3,9 - 4,6; dp= 3). Quanto às classes de uso, as mais relatadas foram os inseticidas, com 26,4%, seguidos dos fungicidas (20,7%), e herbicidas (20,1%). Apenas 29,2% dos trabalhadores relataram utilizar equipamentos de proteção individual. O tempo médio de exposição aos agrotóxicos foi de 13.611horas (IC 95% ± 3.672 horas), o valor mínimo foi de 44,3h, o valor até o primeiro quartil representou 846h, a mediana representou 4.200h, o terceiro quartil foi de 15.120h e, o valor máximo, de 203.520h de exposição. Nos últimos 12 meses anteriores, 75,6% dos trabalhadores apresentaram alguma sintomatologia relacionada ao uso de agrotóxicos. Irritação ocular (38,1%), dor de cabeça (37,4%) e lacrimejamento (25,2%) foram os sintomas mais referidos. Quanto à dosagem das colinesterases plasmáticas, 7,8% apresentaram redução da atividade. Conclusão: A ocorrência de intoxicações por agrotóxicos esteve dentro do esperado, quando comparado com outros estudos realizados no Brasil. O Índice de Exposição pode ser considerado um método para o estudo das exposições a logo prazo. Com a análise das informações levantadas, dos escassos dados epidemiológicos disponíveis, da avaliação de risco/vulnerabilidade e poder de decisão das populações expostas aos agrotóxicos, percebe-se que as repostas do setor saúde não acompanharam o ritmo, acelerado, de crescimento do setor agropecuário.

ASSUNTO(S)

saúde da população rural exposição a praguicidas tempo de exposição praguicidas rural health pesticide exposure exposure time pesticide

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