Evolução materno-fetal de gestantes diabéticas seguidas no HC-FMRP-USP no período de 1992-1999
AUTOR(ES)
Montenegro Jr, Renan M., Paccola, Glória M.F.G., Faria, Cláudia M., Sales, Ana P.M., Montenegro, Ana P.D.R., Jorge, Salim M., Duarte, Geraldo, Foss, Milton C.
FONTE
Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2001-10
RESUMO
Este estudo teve por objetivo avaliar a freqüência de complicações materno-fetais, tipo de parto e controle metabólico das gestantes diabéticas atendidas no HCFMRP-USP, entre 1992 e 1999. Foram estudadas 261 pacientes, das quais 44 (16,3%) tinham diabetes mellitus tipo 1 (DM1), 82 (30,5%) diabetes tipo 2 (DM2) e 143 (53,2%) diabetes gestacional (DMG). Observou-se uma freqüência elevada de obesidade previamente à gestação nas pacientes com DMG (47,6%) e DM2 (65,9%) e também de HAS nesse último grupo (46,3%). Apesar do início tardio, houve no decorrer do seguimento melhora do controle metabólico do DM nos 3 grupos, observada através da redução dos níveis glicêmicos (DM1 às 10h: 197±40 vs. 128±39mg/dl, p= 0,003; DM2 às 7h: 147±53 vs. 102±19mg/dl, p= 0,001; 14h: 164±53 vs. 121±28mg/dl, p= 0,01; e 20h: 201±55 vs. 147±43mg/dl, p= 0,01; DMG às 7h: 100±34 vs. 89±20mg/dl, p= 0,003; 10h: 144±49 vs. 122±29mg/dl, p= 0,03 e 14h: 126±38 vs. 112±27mg/dl, p= 0,001) e da HbA1 (DM1: 11,1±2,9 vs. 5,7±1,8%, p= 0,02). As complicações maternas mais incidentes foram hipoglicemias, infecções do trato urinário (ITU), vulvovaginites, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG). Foi significativamente maior a freqüência de hipoglicemias (29,5%, p< 0,0001), de ITU (29,5%, p= 0,02) e de abortos (11,4%, p= 0,003) nas pacientes com DM1 que nos outros grupos. Não houve nenhum óbito materno. Nos 3 grupos, o parto cesária foi o mais utilizado (DM1: 74,3%; DM2: 79,5%; DMG: 60,5%). Hipoglicemias, prematuridade, icterícia e macrossomia foram as complicações fetais de maior incidência. Foram complicações significativamente mais freqüentes nos recém-nascidos de gestantes com DM1: prematuridade (53,7%, p< 0,0001), natimortalidade (14,6%, p< 0,0001) e síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido (13,9%, p= 0,003). Embora tenha havido melhora do controle metabólico nos grupos estudados, não foi atingida uma completa normalização dos níveis sangüíneos de glicose e hemoglobina glicada, o que provavelmente contribuiu para as taxas de complicações materno-fetais verificadas nas nossas pacientes.
ASSUNTO(S)
diabetes mellitus gravidez complicações controle glicêmico
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