Estudo diacrônico do processo de expansão gramatical e lexical dos itens ter, haver, ser, estar e ir na Língua portuguesa

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Estudou-se, numa perspectiva diacrônica, o processo de expansão gramatical dos itens TER, HAVER, SER, ESTAR e IR na Língua Portuguesa. A partir da proposição de uma metodologia quantitativa de estudo da gramaticalização numa abordagem formalista, buscou-se estudar o processo pelo qual os verbos plenos vão, ao longo do tempo, assumindo gradativamente funções gramaticais, o que lhes permite tramitar do léxico para a gramática, constituindo perífrases verbais. Analisou-se ainda, paralelamente a esse fenômeno, o processo de expansão/restrição semântica por que vão passando esses verbos ao longo de seu percurso diacrônico, o que se relaciona não apenas ao processo de gramaticalização da forma, mas também ao seu processo de (des)lexicalização. Para a consecução dos objetivos propostos, selecionaram-se corpora compostos de doze textos de gêneros textuais distintos, sendo cada período da Língua Portuguesa arcaico, moderno e contemporâneo representado por quatro textos de tamanhos aproximados. Os critérios de análise foram divididos em dois grupos interdependentes: (a) análise da freqüência do item e (b) estudo de fatores semânticos, sintáticos e morfofonêmicos. Inicialmente, computou-se em cada texto a freqüência total de ocorrência de cada uma das formas verbais selecionadas para o estudo. A seguir, procedeu-se à tabulação de suas freqüências lexicais, comparando-as com suas freqüências gramaticais ao longo dos três períodos, aplicando-se, para mensurar o grau de significância dos valores obtidos, o teste estatístico de aderência do Qui-Quadrado. Empreendeu-se, a seguir, a análise semântica das ocorrências lexicais registradas, buscando identificar os semas de cada uma das formas verbais analisadas ao longo da história da língua. O objetivo da análise de tais semas foi verificar o grau de abstração do verbo à medida que seu processo de gramaticalização se expande. Vencida essa etapa, passou-se à análise dos contextos sintáticos de ocorrências das formas, com vistas a identificar os principais fatores responsáveis por gerir a seleção das formas passíveis de co-ocorrerem com os auxiliares estudados nas perífrases verbais. Por fim, teceram-se algumas considerações acerca da perda de material fônico dos itens em processo de gramaticalização. Os resultados obtidos demonstraram que todos os cinco verbos analisados encontram-se gramaticalizados na Língua Portuguesa desde o período arcaico e que muitos deles ainda estão em processo de franca expansão na língua. Além disso, os dados coletados permitiram o entendimento de que a gramaticalização e a lexicalização são processos lingüísticos paralelos e que, como tais, não se determinam. Assim, o fato de determinada forma verbal já se ter gramaticalizado não impede, tampouco favorece seu processo de expansão e/ou restrição nos domínios do léxico. Outra generalização extraída da análise empreendida refere-se ao fato de que as perífrases verbais resultam não apenas da tramitação de itens do léxico para a gramática, mas também de um processo de acentuação da gramaticalidade de itens que se movem de um estágio menos gramatical para outro mais gramatical.

ASSUNTO(S)

língua portuguesa. verbos teses língua portuguesa gramática histórica teses. funcionalismo (lingüística) teses. língua portuguesa. gramaticalização teses

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