Estudo da suscetibilidade de amastigotas extracelulares das cepas G e CL de Trypanosoma cruzi a componentes do sistema imune inato e adaptativo. Avaliação da atividade pró-fagocítica da P21-His6

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Trypanosoma cruzi é o agente etiológico da doença de Chagas. Devido à ampla diversidade genética existente em T. cruzi, a espécie foi dividida em seis discretas unidades de tipagem (DTU), denominadas T.cruzi I a VI. A cepa G pertence ao grupo T.cruzi I e a CL a T.cruzi VI. Formas amastigotas extracelulares (AE) são consideradas importantes na manutenção do ciclo no hospedeiro vertebrado. Estudos quanto à diferença de infectividade e caracterização da suscetibilidade imunológica de parasitas pertencentes aos diferentes grupos mostram-se relevantes para que terapias baseadas na resposta imunológica sejam eficientes para todos os grupos filogeneticamente distintos. A proteína P21 de T. cruzi foi recentemente caracterizada e sua possível atuação no processo de internalização do parasito na célula hospedeira foi observada. Dar continuidade à caracterização funcional da P21 de T. cruzi por meio do emprego de sua forma recombinante (P21-His6) é de grande relevância, pois esta poderá futuramente figurar entre os potenciais alvos terapêuticos para o tratamento da doença de Chagas. O objetivo deste trabalho foi comparar a infecção in vitro e in vivo por amastigotas extracelulares das cepas G e CL, bem como avaliar o potencial pró-fagocítico da P21- His6. Para isto, foram realizadas experimentações in vitro e in vivo. Nos experimentos in vitro foi observado maior infectividade e multiplicação de AE da cepa G do que de CL. Contudo, AE da cepa G mostraram-se mais suscetíveis, tanto a atuação de macrófagos inflamatórios, em experimentos ex vivo, quanto daqueles diferenciados e estimulados com IFN-γ in vitro. Dentre os animais infectados com a cepa G, somente C. callosus apresentou parasitemia sub-patente e os nocautes para IL-12 e IFN-γ apresentaram parasitemia patente e alta mortalidade. Todos os animais infectados com a cepa CL apresentaram parasitemia, contudo os nocautes para TNF-α, iNOS, Myd-88 e IL-12 apresentaram maior parasitemia e mortalidade em relação aos selvagens. Em experimentos onde camundongos foram imunossuprimidos foi observada elevada parasitemia para a cepa CL e para a G. Conclui-se, portanto, que AE da cepa G provavelmente não apresentam parasitemia in vivo devido a sua maior suscetibilidade a atuação de macrófagos ativados com IFN-γ. Para o estudo da proteína P21, realizaramse ensaios de invasão e de fagocitose in vitro, no qual macrófagos peritoneais de C. callosus foram infectados com AE de T. cruzi, promastigotas de Leishmania amazonensis, taquizoitas de Toxoplasma gondii, ou ainda incubados com partículas de zimozan, e foram tratados ou não com P21-His6. Também realizou-se imunofluorescência de filamentos de actina em macrófagos tratados ou não com P21- His6. Finalmente, realizou-se outra reação de imunofluorescência para marcação de filamentos de actina em macrófagos que se submeteram ao tratamento de P21-His6, ao tratamento com wortmanina, ou ambos. Os resultados demonstraram que P21-His6 aumentou a internalização de todos os parasitos e da partícula inerte. Além disso, macrófagos tratados com a proteína apresentaram aumento na polimerização de actina cortical. No entanto, o tratamento de wortmanina conjuntamente a P21-His6 inibiu sua atuação na polimerização da actina celular. Conclui-se, portanto, que P21-His6 é capaz de induzir processo fagocítico inespecificamente, sendo devido a atuação da proteína no citoesqueleto de actina cortical, por um processo de sinalização provavelmente dependente da ativação de PI3-quinase.

ASSUNTO(S)

resposta imune immune response phagocytosis actin cytoskeleton pi3-kinase trypanosoma cruzi ifn-γ p21 fagocitose citoesqueleto de actina pi3-quinase imunologia aplicada chagas, doença de

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