Estudo da Qualidade Nutricional de Sementes e da Atividade Antiinflamatória da Lectina do Abelmoschus esculentus (L.) Moench (quiabo)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A alimentação humana não convencional ou alternativa é composta por alimentos ou suas partes não habitualmente utilizadas, cujo valor nutritivo vem sendo avaliado ao longo dos últimos anos. Isso fez com que sementes de várias espécies vegetais tornassem recursos alternativos de proteínas e lipídeos para a alimentação humana. O isolamento e a caracterização físico-química de novas moléculas de alimentos vegetais, com vistas à sua ação fisiológica no organismo humano, utilizada como fonte potencial para o descobrimento de novas moléculas bioativas. Um grupo particular dessas moléculas, as lectinas, são proteínas de origem não imune contendo pelo menos um domínio não catalítico de ligação específica, e reversível, a carboidratos. Várias lectinas têm sido estudadas, tanto do ponto de vista de caracterização físico-química quanto biológica. Nesse contexto, o quiabo Abelmoschus esculentus (L.) Moench, (Malvaceae), hortaliça bastante difundida na região Nordeste do Brasil, além de fácil acesso e baixo custo, apresenta-se como uma fonte bastante promissora na busca por novas lectinas. Entretanto, pesquisas relativas à sua purificação e ao seu isolamento ainda são incipientes. Objetiva-se com este trabalho avaliar a qualidade nutricional das sementes do quiabo, detectar, purificar e caracterizar físico-quimicamente, avaliar o potencial fitoterápico e farmacológico (antinocicepitivo, citotóxico, antiinflamatório e antifúngico) da lectina isolada de sementes de Abelmoschus esculentus. As sementes apresentaram uma predominância de carboidratos totais representados pelas fibras (30,81%) e carboidratos solúveis (6,69%), proteinas (22,14%) e lipídeos (14,01%). A lectina da farinha das sementes foi extraída com Tris 0,1M pH 7,4 com NaCl 0,15M. A detecção da existência de lectinas (AES) foi determinada através de ensaio de atividade hemaglutinante e revela que eritrócitos humanos B (24.00 UH.mP-1), O (21.00 UH.mP-1) e coelho tratado e não tratado (74.41 UH.mP-1) foram aglutinados pela lectina. A lectina foi purificada por precipitação com sulfato de amônio e purificada em coluna de troca iônica. Eritrócitos de coelho foram utilizados para os testes de inibição da atividade hemaglutinante (UH) com carboidratos. Sua atividade hemaglutinante foi inibida por lactose, frutose e manose. O perfil protéico da AES analisado por PAGE-SDS demonstra que a lectina encontra-se purificada, apresentando duas bandas de massa molecular aparente entre 25 e 14 kDa. A análise por espectrometria de massa mostrou a forma monomérica com 10,29 kDa e seu dímero de 20,58 kDa. Os testes de atividade biológica da lectina de farinha de sementes previamente purificada apresentaram atividade antiinflamatória, antinociceptiva e não apresentou citotoxicidade frente a hemácias do sistema ABO. O pré-tratamento endovenoso dos animais com a AES (0,01; 0,1 e 1mg/kg), antes da administração do agente flogistico (carragenina), reduziu significativamente o edema em cerca de 15%, 21,6%, 44%. Esta inibição é dose dependente tendo seu máximo efeito na dose de 1mg/kg. A lectina de Abelmoschus esculentus apresenta atividade antinociceptiva no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético e os extratos da semente de quiabo são capazes de reconhecer e inibir o crescimento do fungo dermatófito Tricophytum rubrum.

ASSUNTO(S)

abelmoschus esculentus (l.) moench lectina nutricao abelmoschus esculentus (l.) moench inflamação lectin inflammation

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