Estudo comparativo dos efeitos do nimesulide e do AAS sobre : a agregação plaquetaria, tempo de sangramento e produção de TXA2 em voluntarios sadios

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

O efeito terapêutico dos antiinflamatórios não esteroidais (NSAIDs) vem acompanhado de efeitos indesejáveis relacionados à irritação gástrica, alterações de hemostasia, entre outros. Nimesulide (NMSL) é um NSAID que apresenta mecanismo de ação bastante peculiar. Estudos recentes mostram que o NMSL apresenta pouca atividade sobre a COX-1. O objetivo deste estudo foi verificar se o NMSL altera a função plaquetária e o tempo de sangramento (TS) o que, em odontologia, seria desvantajoso, podendo induzir um sangramento excessivo e, conseqüentemente, uma interferência negativa nos processos de reparação tecidual. Para tanto, a função plaquetária foi avaliada in vitra; ex vivo e in vivo. Amostras de sangue de voluntários sadios foram coletadas, em citrato de sódio 3.8%, para obtenção do plasma rico em plaquetas (PRP). O PRP foi incubado com NMSL(0.01 ?M a 1 OOO?M) ou AAS (0.1 ?M a 1 OO?M) por 20 min a 37°C sobre constante agitação. A IC50 para o efeito antiagregante plaquetário do NMSL e do AAS foi determinada após a adição de ADP(1 ?M), ácido araquidônico (AA 1 mM), fator ativador plaquetário (PAF 1-3?M), colágeno (COL 2.5 - 5.0 ?g/ml) e adrenalina (ADR 1 O~M). A formação de TXA2 após adição dos agonistas ao PRP foi determinada por radioimunoensaio. Nos estudos ex vivo, voluntários sadios foram selecionados e divididos em 2 grupos, tratados com NMSL (cp 100mg, n=4) ou com AAS (cp 100mg, n=3). Amostras de sangue foram coletadas antes e após 2 e 4h do tratamento, seguindo os procedimentos do estudo in vitro quanto a verificação da agregação plaquetária e determinação da produção de TXA2. IN VIVO, foram utilizadas as mesmas doses das drogas, seguida da determinação do TS utilizando SIMPLATE - 11 R®, antes e após 2, 4, 8, 24h e 7 dias. Verificou-se que- o NMSL é menos potente que o AAS para inibir a agregação plaquetária in vitra, induzida por ADP, CaL, ADR e AA, exceção feita ao PAF. Seu efeito é concentração e tempo dependentes. A produção de TXA2 foi inibida pelo NMSL(>30?M) em concentrações superiores a do AAS (>3?M) nos estudos in vitro. No entanto, a inibição de mais de 80% da produção de TXA2 só foi alcançada em concentrações superiores à 1 OO~M. NMSL não interferiu com a agregação plaquetária no ensaio ex vivo, inibindo entretanto, significativamente (p<0.05) a produção de TXA2 induzida por PAF. NMSL prolongou o TS (em média 56%) nos períodos 4h e 8h em proporções menores que o AAS (em média 160%); este, por sua vez interferindo nos tempos 2h, 4h, 8h e 24h. Concluíse que NMSL é menos potente que o AAS quanto a inibição da COX-1 plaquetária. No entanto, outros mecanismos podem estar envolvidos, dada a especificidade de ação desta droga para inibir os efeitos mediados pelo PAF, como por exemplo, a interferência com a fosfodiesterase plaquetária.

ASSUNTO(S)

sangue - disturbios agentes antiinflamatorios

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