Estrutura espacial e temporal de uma comunidade de bromeliaceae e seus polinizadores em floresta atlantica no sudeste do Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Este estudo teve por objetivo fornecer informações sobre os mecanismos que podem estar atuando na regulação da diversidade de bromélias e de seus polinizadores em uma área de floresta atlântica de encosta à luz dos dados disponíveis para florestas neotropicais. Este estudo foi conduzido na Estação Biológica de Santa Lúcia (EBSL), Santa Teresa, ES, e foi dividido em três capítulos. O capítulo I tratou da variação da distribuição das bromélias em função de variações da complexidade estrutural do habita!. Pela Análise de Redundância (RDA) a altitude, a exposição ao vento, a presença de clareiras, o perímetro das árvores e o número de plantas herbáceas explicaram a distribuição de espécies epífitas, enquanto que o declive, a exposição ao vento e a quantidade de folhagem explicaram a distribuição de espécies terrícolas. A abundância e/ou o número de bromélias epífitas foram correlacionadas com o perímetro do tronco (P AP) das plantas arbóreas, altitude, com o número e a altura das árvores. A abundância de bromélias terrícolas foi correlacionada negativamente com o declive da parcela e positivamente com a quantidade de folhagem. A complexidade estrutural do habitat influenciou a diversidade de bromélias epífitas, possivelmente tanto em função do aumento de nichos disponíveis, mas também em função da composição diferencial de bromélias entre manchas ambientais. Foi discutido, no capítulo II, a seleção de habitat das bromélias por árvores hospedeiras e por zonas das árvores. As bromélias não colonizaram especialmente nenhuma espécie, gênero ou família de árvore hospedeira, apenas Euterpe edu/is foi pouco utilizada como hospedeira. O número de árvores ocupadas por bromélias em diversos táxons foi relacionado à sua abundância. As bromélias epífitas ocuparam preferencialmente o fuste, sendo bromélias raras ou ausentes na base do fuste. Os gêneros de bromélias, Aechmea, Tillandsia e Vriesea, e as espécies mais abundantes de bromélias apresentaram seleção por determinadas zonas das árvores. A5 espécies mais abundantes apresentaram uma zonação vertical que parece associada às condições de luminosidade As espécies com menor sobreposição de nicho devem necessitar condições ambientais especiais e isto parece refletir-se nas diferenças de distribuição geográfica destas espécies. No capítulo III foram abordados alguns mecanismos que podem estar envolvidos na relação entre a diversidade de polinizadores e bromélias. A maioria das espécies apresentou floração anuaL Não houve sazonal idade marcada na floração das bromélias, que parece ser seqüencial. A disponibilidade de flores de bromélias ao longo do ano toma possível a pennanência de espécies residentes de beijaflores, como Phaethornis eurynome, P. squalidus e Ramphodon naevius. Foram registrados os polinizadores de 23 espécies de bromélias que ocorrem na EBSL. Beija-flores foram polinizadores de 84% das espécies de bromélias, com algumas sobreposiçâes com abelhas e borboletas. Parte das espécies ornitófilas foi polinizada por beija-flores de bico longo enquanto que outra parte, por beija-flores de bico curto. Na RDA. Phaethomis ewynome, P. squalidus, Ramphodon naevius, Thalurania glaucopis e as borboletas He/iconiU8 erato e fi. nattereri tiveram sua ocorrência relacionada a alguns fatores ambientais, entre eles a abundância de bromélias, abundância de árvores e diversidade horizontal em cada parcela. Os beija-flores residentes, Phaethornis eurynome, P. squalidus e Rarpphodon naevius, foram considerados espécies - chave na polinização das bromélias na EBSL

ASSUNTO(S)

plantas hospedeiras bromeliacea beija-flor polinização

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