Estrutura de comunidade de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em fragmentos urbanos de Maringá, Paraná, Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Dois fragmentos urbanos, localizados no município de Maringá, norte do estado do Paraná, sul do Brasil, foram estudados entre agosto de 2006 a julho de 2007. O Parque municipal do Ingá (48 ha) e o Parque florestal dos Pioneiros (59 ha) estão inseridos no contexto da Floresta Estacional Semidecidual. Morcegos foram capturados durante noites completas, com seis redes do tipo ?mist net? (7 x 2,5 m) totalizando aproximadamente 288 horas de coleta e um esforço de captura de 30,2 .103 m2.h, sendo obtidas a riqueza e a abundância relativa das espécies de morcegos. Morcegos pertencentes a família Phyllostomidae foram marcados utilizando-se coleiras plásticas. As sementes presentes nas amostras fecais foram identificadas em nível taxonômico de gênero ou espécie. Houve a identificação dos recursos tróficos utilizados pelos filostomídeos, sendo posteriormente estimadas as interações entre as diferentes espécies através da análise de nicho alimentar. As taxas de capturas horária, mensal e sazonal de seis espécies de morcegos foram discutidas e comparadas. Foram capturados 838 exemplares, pertencentes a 13 espécies de quatro famílias: Phyllostomidae (8), Noctilionidae (1), Molossidae (1), Vespertilionidae (3). A riqueza esperada calculada pelo método de rarefação evidenciou o mesmo padrão obtido para a riqueza observada através da curva do coletor, não havendo uma estabilização das mesmas no final das amostragens. Artibeus lituratus (547) e Sturnira lilium (212) foram as espécies mais abundantes. Pela primeira vez no estado do Paraná, houve o registro da ocorrência de Molossops neglectus. A taxa de recaptura total foi 8,5%, ocorrendo recapturas trocadas entre os remanescentes florestais, evidenciando a possibilidade de fluxo gênico entre algumas populações de morcegos dos diferentes fragmentos. Os remanescentes florestais estudados abrigam em meio urbano, uma parcela significativa das espécies registradas para o Bioma e para o estado do Paraná, sendo relevantes para a conservação da diversidade biológica. Dentre todas as capturas, 740 morcegos apresentavam hábitos frugívoros, sendo estes pertencentes a cinco gêneros e sete espécies. Foram obtidas 248 amostras fecais, onde 106 amostras apresentavam apenas polpa de frutos e 142 amostras apresentavam sementes em sua constituição. Os frutos utilizados como recurso trófico pertencem a cinco famílias e sete gêneros: Cecropia, Ficus, Maclura, Passiflora, Piper, Solanum e Vassobia, totalizando 11 espécies consumidas. Pygoderma. Bilabiatum alimentou-se de frutos de Maclura tinctoria. Sturnira lilium apresentou a menor amplitude de nicho sendo considerada uma espécie com dieta especialista, enquanto A. lituratus, C. perspicillata e P. lineatus apresentaram amplitudes de nichos maiores, possuindo dietas generalistas. Foi observada uma correlação não muito forte entre a massa média das espécies e suas respectivas amplitudes de nicho e entre o comprimento médio de antebraço e as amplitudes de nicho. Não houve correlação significante entre a sobreposição de nicho e as diferenças morfológicas entre as espécies no decorrer do ano. Foi observado um aumento na sobreposição da dieta quando a oferta de recursos diminui sazonalmente. Na estação seca, onde a disponibilidade de frutos diminui, espécies frugívoras apresentaram uma dieta mais parecida. A distribuição e abundância de frugívoros parece estar diretamente relacionada à disponibilidade temporal e espacial dos frutos por eles consumidos, sendo observado um maior número de capturas durante a estação chuvosa. Estes animais foram capturados no decorrer da noite toda, ainda que em diferentes intensidades, sendo observado um número maior de capturas no início da noite.

ASSUNTO(S)

morcego animais frugívoros fauna florestal bats forest fauna

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