Estratigrafia e evolução da barreira holocênica na praia do Hermenegildo (RS)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A caracterização do sistema de barreiras costeiras na Praia do Hermenegildo, através de técnicas de sondagem (SPT) aliadas a métodos geofísicos de alta resolução (GPR), permitiu determinar as relações estratigráficas entre as unidades litológicas (fácies) dos ambientes deposicionais costeiros, bem como suas geometrias características. Horizontes orgânicos e conchas de moluscos foram submetidos a datações de radiocarbono, permitindo assim o posicionando cronológico das unidades estratigráficas. Além dos aspectos geológico-evolutivos, foram também analisados os aspectos climáticos e ecológicos que influenciaram a evolução ambiental desta região durante o final do Pleistoceno e no Holoceno. O registro estratigráfico identificado é composto de duas unidades maiores: i) uma unidade retrogradacional (transgressiva) holocênica; sobreposta ao ii) substrato pleistocênico. Estas unidades estão separadas por uma discordância erosiva, representando um hiato deposicional condicionado pelo nível de mar baixo do último estágio glacial. Com base na estrutura sedimentar, características sedimentológicas, datações de radiocarbono, análises de palinomorfos, diatomáceas e moluscos foi possível distinguir sete fácies sedimentares: Fácies L3 (estuarino/lagunar), Fácie B3 (marinho/raso/estuarino), Fácies TA4 (paludial de água doce), Fácies L4 (estuarino/lagunar), Fácies ML4 (margem lagunar), Fácies T4 (paludial) e Fácies B4 (eólico). A unidade (seqüência) pleistocênica (fácies L3 e B3) indicam que um sistema barreira-laguna foi presente na área ocupada atualmente pela Praia do Hermenegildo durante a Penúltima Transgressão. Os aspectos estratigráficos interpretados para a unidade holocênica indicam claramente uma natureza retrogradante (transgressiva), produzida pela migração de um sistema barreira-laguna em direção ao continente. O seu registro bioestratigráfico define uma máxima influência marinha (fácies L4), por volta de 6.800 cal anos AP, intercalando períodos de deposição tipicamente lacustres na retrobarreira (fácies TA4 e T4). A porção emersa da barreira corresponde a uma fácies eólica (B4), que ao transgredir sobre o ambiente lagunar de retrobarreira originou a fácies ML4 sob uma dinâmica lagunar. Os aspectos estratigráficos identificados para este setor costeiro convergem para um diagnóstico onde as tendências transgressivas operam neste setor nos últimos 6.800 cal anos AP.

ASSUNTO(S)

santa vitória do palmar (rs) geologia costeira evolução costeira barreiras costeiras estratigrafia

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