Estrategia e dinamica do processo de implantação do TQC : uma analise sob a otica da teoria dos sistemas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1995

RESUMO

As dificuldades para implantação do TQC/TQM, face principalmente à complexidade de se lidar com a componente humana das organizações, tem dado origem a diversas metodologias de mudança e a frequentes debates sobre a conveniência de cada uma delas. Paralelamente, a taxa de sucesso na implantação do TQC/TQM tem sido, segundo as pesquisas existentes, reduzida, o que apenas acentua o debate acima referido. Nestes questionamentos, muitas vezes embasados em sucessos ou fracassos isolados, sente­se, com certa frequência, a falta de um referencial teórico que permita melhor avaliar a forma como cada metodologia de mudança está interferindo sobre a organização e, a partir desta avaliação, dar-lhe o devido crédito. E é a partir desta percepção que surge o objetivo deste trabalho, ou seja a estruturação de um referencial teórico que permita, de um lado, a avaliação dos efeitos de diferentes abordagens de mudança sobre a empresa e de outro, um aprofundamento da capacidade de análise da dinâmica do próprio processo de implantação do TQC/TQM. O ponto de partida deste referencial é o modelo desenvolvido por Trist e seus associados (42,77)* no Tavistock Institute, segundo o qual a organização é um sistema aberto, composto por dois subsistemas interdependentes e em interaçio mútua: - o subsistema tecnológico, representado pelos equipamentos, instrumentos, dispositivos e as técnicas de operação; - o subsistema psicossocial, composto das interações, expectativas e aspirações, opiniões e valores das pessoas que fazem parte da empresa. À luz deste modelo, a implantação do TQC/TQM, com seus princípios conceituais, técnicas e metodologias implica em alterações tanto no subsistema tecnológico quanto no psicossocial. Uma percepção mais profunda das alterações neste último é conseguida através da contribuição de cultura organizacional de Schein (69). Os números entre parênteses indicam as referências bibliográficas de onde os conceitos, citações ou informações foram extraídos. Uma vez que os subsistemas são interdependentes e encontram-se em interação mútua torna-se perceptível que alterações em um irão produzir alterações em outro e vice-versa, o que em princípio dá validade tanto a rnetodologias cuja ênfase principal está no subsistema tecnológico quanto àquelas em que está no psicossocial. À título de exemplo uma análise de duas metodologias de mudança organizacional distintas (a implantação do TQC segundo a estratégia da JUSE e o Programa Integrado de Kilmann (45" é realizada, explicitando-se os efeitos das diversas etapas das mesmas sobre os subsistemas básicos da organização. O quadro resultante desta análise, que parece útil também para a avaliação de outras metodologias, sugere muito mais complementariedade que conflito. Uma consequência é que, em sendo um sistema social, a organização está sujeita às leis básicas dos mesmos, como por exemplo a busca da estabilidade, o que a leva a reagir às tentativas de mudança através de seus inúmeros ciclos de feedback negativo. Sua evolução não pode também ser prevista com precisão e, em consequência qualquer resquício de visão determinística do processo de mudança deve ser substituído pelo método básico do TQC/TQM que é o PDCA. A implantação do TQC/TQM não é apenas um problema de estratégia, mas também de dinâmica. A estrutura do trabalho, resultante basicamente de pesquisa bibliográfica e da experiência pessoal do autor, procurou obedecer a uma sequência didática que garantisse que pré­requisitos ao entendimento de cada capítulo tivessem sido anteriormente tratados. Assim, o capítulo 2 apresenta um extrato da teoria dos sistemas e seus reflexos sobre o pensamento administrativo. No capítulo 3 é feita uma análise do TQC e das alterações decorrentes de sua implantação no "sistema empresa". Os capítulos 4 e 5 discutem o processo de implantação e metodologias para a realização do "check" do PDCA deste processo. Finalmente, no capítulo 6, é feita uma análise da implantação do TQC no METRÔ-SP à luz dos conceitos anteriores. A experiência no METRÔ-SP, ainda que incipiente, parece confirmar a utilidade do referencial desenvolvido, e sugere a validade de se aprofundar esta linha de pesquisa e desenvolvimento

ASSUNTO(S)

controle de qualidade teoria dos sistemas

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