Estoque de madeira morta ao longo de um gradiente altitudinal de Mata Atlântica no nordeste do estado de São Paulo / Stocks of coarse woody debris along an elevation gradient of Atlantic forest at northeast of São Paulo state
AUTOR(ES)
Larissa Giorgeti Veiga
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
As florestas tropicais armazenam grandes quantidades de carbono em sua biomassa tanto acima quanto abaixo do solo. Biomassa acima do solo abrange a biomassa viva e a biomassa morta (também conhecido como necromassa). Esta e composta por madeira morta (galhos, troncos) e serapilheira. Estoque de madeira morta inclui madeira morta em pé (snag) e madeira morta caída (CWD- Coarse Woody Debris) e os estoques são resultantes do balanço entre a entrada (via mortalidade) e saída (por decomposição). Existem poucos estudos de madeira morta em florestas tropicais e estes focaram nas dicotiledoneas. No entanto, as famílias Arecaceae, Poaceae e Cyatheaceae são muito abundantes em florestas tropicais. Este estudo teve como objetivo quantificar a biomassa e estoque de carbono nos compartimentos de madeira morta (em pé e caída) ao longo de um gradiente altitudinal de Mata Atlantica do nordeste do Estado de São Paulo. Para isso, avaliamos 14 parcelas permanentes de 1 há cada estabelecidos pelo projeto BIOTA / FAPESP Gradiente Funcional em Fisionomias de Restinga 0 m (nível do mar), Floresta Ombrofila Densa (FOD) de Terras Baixas a 100 m de altitude, FOD Submontana a 400 m de altitude e FOD Montana a 1000 m de altitude. Para áreas de Floresta Submontana e Montana foram estabelecidas oito parcelas de 1 ha (quatro parcelas em cada área), na FOD Terras Baixas foram estabelecidas cinco parcelas de 1 ha e na Restinga foi estabelecida uma parcela de 1 ha. A biomassa de madeira morta apresentou tendência de aumento ao longo do gradiente. CWD foi o componente que mais contribuiu para o estoque total sendo de 46,8 (Mg/ha) para Restinga; 32,7 (Mg/ha) para FOD Terras Baixas; 44,4 (Mg/ha) para FOD Submontana e 69,5 (Mg/ha) para FOD Montana. Para snag, os valores observados foram de 0,4 (Mg/ha); 0,6 (Mg/ha); 10,1 (Mg/ha) e 19,6 (Mg/ha) respectivamente nas áreas de Restinga, FOD Terras Baixas, FOD Submontana e FOD Montana. A contribuição da família Arecaceae foi de 9,2 Mg/ha; da família Cyatheaceae foi de 7,6 Mg/ha e de Poaceae foi de 18,4 Mg/ha. Os estoques de carbono foram 33,5 Mg/ha para FOD Montana, cerca de 21 Mg/ha para FOD Submontana e Restinga e 14,8 Mg/ha para FOD Terras Baixas. As densidades de snag e CWD diminuíram com avanço da decomposição variando de 0,3 a 0,5 (gr/cm3) para snag e de 0,1 a 0,4 (gr/cm3) para dicotiledôneas; de 0,3 a 0,4 (gr/cm3) para Euterpe edulis (Mart.); de 0,18 a 0,28 (gr/cm3) para Cyathea sp. e 0,09 (gr/cm3) para bambus. As famílias Arecaceae, Poaceae e Cyatheaceae, embora apresentem uma grande densidade de indivíduos vivos, contribuíram pouco para o estoque total de madeira morta. A biomassa morta respondeu, em media, por 18 % da biomassa total acima do solo, podendo ser considerada um importante reservatório de biomassa e carbono nesses ecossistemas. Como a saída de carbono deste componente e altamente dependente da umidade e da temperatura, este pode ser um compartimento particularmente sensível as mudanças previstas para o clima e, portanto, deve ser melhor avaliado em estudos futuros. Este estudo esta incluído no Projeto Biota Gradiente Funcional (FAPESP 03/12595-7).
ASSUNTO(S)
florestas tropicais carbono madeira morta mata atlântica madeira - densidade coarse wood debris atlantic forest (brazil) wood carbon tropical forests
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=000779861Documentos Relacionados
- Soil and litter characterization of the Atlantic Forest throughout the altitudinal gradient, São Paulo State
- Reasons of Atlantic Forest recovery in the state of São Paulo
- Diversity of pteridophytes along altitudinal gradients in the Atlantic Rain Forest of the Paraná State, Brazil
- Diversidade de cianobactérias na filosfera da mata atlântica do estado de São Paulo
- Fertilidade das camadas superficiais do solo em diferentes estágios sucessionais, no domínio da Mata Atlântica, no nordeste do estado de São Paulo