Epilepsia do lobo temporal por processos expansivos e epileptogênese secundária

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Neuro-Psiquiatria

DATA DE PUBLICAÇÃO

2004-03

RESUMO

INTRODUÇÃO: A epileptogênese secundária é descrita como fenômeno em que, uma área epileptogênica primária, geradora de descargas, através de conexões neuroniais com outra área não acometida, pode gradualmente induzir alterações epileptiformes nessa última, que, na maioria das vezes se localiza em região homóloga no hemisfério oposto ao foco primário. OBJETIVOS: Analisar em um grupo de 21 pacientes com processos expansivos do lobo temporal e epilepsia a ocorrência do foco em espelho e os fatores clínicos potencialmente responsáveis pelo seu desenvolvimento e sua influência no prognóstico cirúrgico. MÉTODO: Foram incluídos 21 pacientes que realizaram eletroencefalograma no período interictal, antes e após o tratamento cirúrgico. Dentre os fatores clínicos estudados destaca-se a idade de início e duração da epilepsia bem como a freqüência de crises epilépticas, por serem considerados relevantes no processo da epileptogênese secundária. RESULTADOS: Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com a presença (8 pacientes) ou não do foco em espelho (13 pacientes). Dentre os fatores clínicos analisados, a presença de crises tônico-clônicas generalizadas foi estatisticamente significante, ocorrendo de forma mais freqüente nos pacientes com o foco em espelho. Os outros fatores clínicos não apresentaram diferença estatisticamente significante entre os dois grupos. Após a cirurgia de retirada do processo expansivo, o foco em espelho não foi mais observado e ficaram livres de crises sete dos oito pacientes do grupo com foco em espelho e 10 dos 13, que não o apresentavam. Nos pacientes que não se tornaram livres de crises, a ressonância magnética mostrou em todos a persistência de tecido tumoral e em dois, presença de displasia cortical associada. CONCLUSÃO: Nossos resultados sugerem que a presença do foco em espelho não deve ser uma contra-indicação à excisão da lesão primária, mesmo quando no eletrencefalograma de escalpo a atividade interictal é mais freqüente do lado contralateral à lesão ou mesmo quando as crises epilépticas são também registradas contralateralmente.

ASSUNTO(S)

epilepsia epileptogênese secundária eletreencefalograma crises parciais complexas tumores do lobo temporal

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