Entre apartes e qüiproquós: a malandragem no Império de Martins Pena: (Rio de Janeiro 1833-1847)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo fazer uma leitura da prática da malandragem entre homens e mulheres livres no Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX, utilizando como fontes as comédias escritas por Martins Pena entre os anos de 1833 e 1847. Tal período, que abarca alguns anos da Regência e os primeiros anos do Segundo Reinado, foi marcado por um grande crescimento urbano do Rio de Janeiro que, como capital do império e sede da monarquia, buscou romper com seu passado colonial, dando à cidade um ar mais moderno e civilizado através de inúmeras reformas urbanas, estabelecimento de leis para implantar a ordem e consumo de uma cultura européia. A tentativa de implementação de um projeto modernizador deparava-se com as tradições coloniais, a ordem deparava-se com a desordem, o lícito com o ilícito, o rural com o urbano, o público com o privado, a escravidão com o pensamento liberal, gerando uma série de contradições e possibilidades. O malandro, sujeito astuto, esperto e sagaz, fazia um movimento de oscilação entre esses paradoxos da sociedade carioca, estabelecendo entre eles relações dialéticas e demonstrando maneiras criativas de se dar bem nessa sociedade que pretendia civilizar-se e modernizar-se a todo custo. Os personagens que Martins Pena colocou nos palcos da Corte nos mostram um pouco do jogo de cintura e do jeitinho necessários para transformar as desvantagens em vantagens e, assim, sobreviver de modo criativo nessa sociedade tão marcada pela dialética da ordem e da desordem.

ASSUNTO(S)

império "jeitinho brasileiro" hustling, rio de janeiro, empire, theater, "jeitinho" (brazilian manners), martins pena. rio de janeiro historia do brasil imperio malandragem teatro martins pena

Documentos Relacionados