Encaminhamentos a recuperação paralela: um olhar de gênero. / Students referred to parallel studies: a gender approach.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa que teve por objetivo analisar a percepção que as professoras têm de alunos e alunas encaminhados à recuperação paralela. O objetivo da pesquisa foi verificar se os motivos pelos quais meninos e meninas são encaminhados/as à recuperação paralela são semelhantes, ou se diferem de acordo com o sexo do/a estudante. A pesquisa baseou-se nos estudos sobre as relações de gênero e educação e em estudos sobre o fracasso e o sucesso escolar. As hipóteses iniciais eram de que os meninos seriam encaminhados por motivos não necessariamente ligados à sua real dificuldade de aprendizagem, seja por conta de indisciplina, seja por uma suposta culpabilização da família que não ajudaria o aluno nas tarefas escolares em casa, por exemplo. Já as meninas seriam encaminhadas por conta de dificuldades de aprendizagem geradas por timidez, apatia, deficiência mental, etc., ou seja, o motivo de encaminhamento das alunas seria por uma dificuldade intrínseca à menina, não havendo muita esperança de que a recuperação paralela contribuísse para que ela avançasse, já que sua dificuldade estaria atrelada a fatores psicointelectuais. A pesquisa de campo centrou-se em uma escola do Município do Embu que possuía um projeto de recuperação para alunos com dificuldades em leitura e escrita: o Projeto Letras e Livros e contou com observações e entrevistas semi-estruturadas com as professoras regentes de classe (que encaminham as crianças) e as professoras atuantes no Projeto Letras e Livros, além de observações das reuniões de conselho de classe ao longo do ano letivo de 2006. Tanto o Projeto analisado quanto a escola que serviu como campo para a pesquisa foram escolhidos devido à boa estrutura e organização e aos bons resultados que vinham mostrando nos anos de 2002 a 2006. Os resultados apontaram para a confirmação de que, independentemente de um trabalho articulado e reflexivo por parte das professoras, ainda se culpabiliza a família e a pobreza de algumas crianças, numa maioria de meninos, pela sua dificuldade de aprendizagem. Porém, esta questão não se apresentou tão forte quanto a literatura acadêmica vem mostrando. Na escola pesquisada, os aspectos referentes à não adequação da criança a um ofício de aluno valorizado pelas professoras - este ofício de aluno é tomado aqui como um modelo da maneira como o aluno ou a aluna deve se comportar, agir e ser dentro das dinâmicas escolares, ou seja, o não ajuste de algumas crianças ao que é esperado delas no momento de se organizar, se concentrar na aula, se comportar diante dos colegas e da professora, etc., - pode fazer com que a criança seja percebida como um/a aluno/a com dificuldade de aprendizagem. Algumas dificuldades citadas pelas professoras, entretanto, são percebidas mais em meninos e outras em meninas, evidenciando que as construções sociais sobre o masculino e o feminino contam muito ao avaliar quem precisa ou não de apoio extra na aprendizagem escolar.

ASSUNTO(S)

relações de gênero dificuldades de aprendizagem continuous progression progressão continuada learning difficulties recuperação paralela parallel studies gender relations

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