Egressos do ensino fundamental por ciclos e sua inserção no ensino médio : experiências em diálogo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O presente estudo, intitulado “Egressos do Ensino Fundamental por Ciclos e sua Inserção no Ensino Médio”, teve como objetivo conhecer o que pensam egressos da escola por ciclos da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre/RS, sobre a escolarização nessa estrutura curricular e a sua inserção no ensino médio: a escola por ciclos que eles viveram faz alguma diferença nas suas trajetórias escolares e na forma como se percebem e são percebidos pelos outros? Através da metodologia de Grupos de Diálogo, os jovens estudantes puderam expressar opiniões, revelar expectativas e anseios, compartilhar lembranças e trocar experiências sobre as formas de enfrentamento e os modos de superação dos desafios na transição do ensino fundamental, a partir das escolas de origem, para o ensino médio, nas escolas de destino. Em suas narrativas, construídas em interação com outros jovens, é possível perceber ecos de diferentes vozes e discursos em circulação na e sobre a escola por ciclos, revelando múltiplas relações entre os ditos pelos alunos e os ditos pelos professores e gestores das escolas. Seus depoimentos revelam árduos processos de superação e confirmam a existência de um mal-estar quando os ciclos são utilizados, especialmente pelo seu princípio de não reprovação, para a justificativa de atos de discriminação, embora nem sempre assim sejam reconhecidos pelos jovens estudantes. O grave disso é que parecem estar aí associados outros preconceitos, como o de classe social e todas as suas implicações, uma vez que esses alunos são moradores de regiões periféricas da cidade, algumas delas de grande vulnerabilidade social. Essas situações acabam por alimentar as suas dúvidas quanto à validade de uma proposta diferenciada, pelo visto não dirigida a todos e somente a alguns, exatamente para aqueles, como eles, cujas diferenças não parecem valorizadas nos contextos escolares. As reflexões realizadas oferecem elementos, tanto para o debate sobre a qualidade da educação brasileira, como para a reflexão acerca da formulação e operacionalização de políticas públicas para a inclusão social, que podem submeter os sujeitos de suas ações a experiências que podem estar contribuindo menos do que se desejava para a garantia de seus direitos como cidadãos. Autores como Miguel Arroyo, Bernard Charlot, José de Souza Martins, Norbert Elias, Paulo Freire e Marília Sposito, entre outros, compõem o referencial teórico que orientou a construção da investigação e da tese dela resultante.

ASSUNTO(S)

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