Efeitos do Verapamil (Dilacoron), bloqueador dos canais de calcio, na regenaração do figado de ratos apos hepatectomia parcial

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Têm sido referidos na literatura, efeitos hepatoprotetores de fármacos bloqueadores dos canais de cálcio em lesões hepáticas induzidas por drogas ou hipóxia. Entretanto, pouco se sabe sobre os efeitos dessas drogas no fígado em regeneração, nos aspectos funcionais e histomorfológicos. Propôs-se estudar neste trabalho, os efeitos do verapamil, bloqueador dos canais de cálcio, na regeneração do fígado de ratos após hepatectomia parcial. Avaliou-se os efeitos da droga na evolução estrutural e funcional do fígado em regeneração, através da avaliação histomorfológica do órgão e de análises bioquímicas, no fígado e no soro, da atividade enzimática de aspartato e alanina aminotransferase (AST e ALT), colinesterase (chE), fosfatase alcalina (ALP), γ glutamil transferase (GGT) e das concentrações de proteínas e albumina. Utilizou-se 120 ratos Wistar, machos, com idade entre 90-100 dias ao início das experiências, divididos aleatoriamente em 5 grupos. O primeiro grupo foi submetido a hepatectomia parcial e recebeu verapamil, denominado GRUPO HV (n=24). O segundo foi submetido a hepatectomia parcial e não recebeu verapamil, denominado GRUPO H (n=24). O terceiro recebeu verapamil e não sofreu procedimento cirúrgico, denominado GRUPO V (n=24). O quarto foi submetido a cirurgia simulada e não recebeu verapamil, denominado GRUPO L (n=24). O quinto constituiu-se no grupo controle, destituído dos procedimentos cirúrgicos e recebeu água sem adição de verapamil, denominado GRUPO C (n=24). O verapamil foi adicionado na água de beber na dose de 24mg/rato/dia durante quatorze dias antes das cirurgias e após, até o sacrifício dos ratos. As cirurgias foram realizadas sob anestesia com ketamina (10mg/Kg) e xilazina (4mg/Kg).Na hepatectomia parcial retirou-se o lóbulo mediano e lateral esquerdo, permanecendo na cavidade abdominal do rato, o “fígado residual” para o processo de regeneração. Na cirurgia simulada, realizou-se a extrusão e manipulação dos respectivos lóbulos hepáticos, devolvendo-os intactos na cavidade abdominal. Decorridos 10, 20 e 30 dias da hepatectomia parcial, por laparatomia, realizouse a retirada do fígado e coleta de sangue. Paralelamente, considerando os mesmos tempos, retirou-se fígado e sangue dos animais dos outros grupos experimentais. Utilizou-se 8 ratos de cada grupo para cada tempo. Os lóbulos mediano e lateral esquerdo do fígado de todos os ratos foram divididos em duas partes. Uma porção foi fixada em formol a 10% e preparada para histologia, usando coloração por HE. A outra porção (1g) de tecido hepático, assim como as amostras de sangue foram preparadas para análises bioquímicas. Para estudo histopatológico, considerou-se presença de esteatose, necrose e tumefação dos hepatócitos. Para análise estatística dos resultados bioquímicos, utilizou-se análise de variância ANOVA e teste de TUCKEY. Os resultados mostraram que, embora o sistema enzimático tenha se mostrado comprometido pelo estresse cirúrgico, o verapamil não induziu sinais de intoxicação ou morte dos ratos em nenhum dos grupos tratados, durante todo o experimento. O verapamil, na dose de 24mg/rato/dia, aumentou a síntese de proteínas, a atividade enzimática da colinesterase e da ALP quando o tecido hepático foi agredido pela cirurgia, traduzindo recuperação da capacidade metabólica favorável à recuperação funcional e ao crescimento do tecido hepático. O verapamil diminuiu a atividade das enzimas marcadoras de dano hepatocelular (GGT, AST e ALT) paralelamente à diminuição do grau de intensidade do edema intracelular, comprovado por microscopia ótica, indicando recuperação funcional do parênquima hepático. Sugerindo efeitos hepatoprotetores quando o fígado é lesado pela remoção de 2/3 do tecido após hepatectomia parcial.

ASSUNTO(S)

enzimas farmacologia

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