Efeitos do polissacarídeo sulfatado da alga marinha parda Lobophora variegata (Lamourox) no processo inflamatório agudo. / Effects of sulfated polysaccharide from brown seaweed Lobophora variegata (Lamourox) in the acute inflammatory process.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/04/2008

RESUMO

Os organismos que apresentam a maior quantidade de polissacarídeos sulfatados (PS) são as macroalgas marinhas, estes polissacarídeos são muito estudados devido sua ampla de atividades biológicas. PS são conhecidos por modular uma série de funções biológicas, das quais as ações anticoagulante e antitrombótica as mais estudadas. No presente trabalho procurou-se investigar os efeitos vasculares e celulares de um polissacarídeo sulfatado da alga parda Lobophora variegata (PLS) na inflamação aguda e na contratilidade do músculo liso vascular em ratos e avaliar os possíveis sinais de toxicidade decorrentes do tratamento dos animais com o PLS. No estudo da inflamação, contratilidade e toxicidade foram utilizados ratos Wistar (Rattus novergicus) machos (150 e 300g). A investigação da atividade antiinflamatória desta molécula, no modelo de edema de pata, mostrou que o prétratamento (30 min) com PLS nas doses 0,01; 0,1 ou 1mg/kg de massa corporal, antes da injeção subcutânea intraplantar dos estímulos inflamatórios, inibiu o edema de pata induzido por todos os estímulos: 19% com dextrana (300mg/pata), 47% com carragenina (2mg/pata), 32% com zymosan (1mg/pata), sendo no entanto, mais efetivo na inibição do curso temporal deste último agente. Além disso, observou-se que o PLS inibiu também em 44%, o aumento de permeabilidade no modelo de edema de pata e em 75% a migração de neutrófilos no modelo de peritonite, induzidos por zymosan. Visto que o PLS inibiu tanto os eventos vasculares quanto os celulares da inflamação, procurou-se investigar por quais vias o PLS estava agindo. Para tanto, comprovou-se que o PLS inibiu em 57% o edema de pata induzido por L-arginina (15 mg/kg; s.c.), um substrato para formação de óxido nítrico (NO) e em 19% o edema de pata induzido por fosfolipase A2 (30mg/kg; s.c.), substância que libera prostaglandinas (PG), evidenciando a ação inibitória do PLS sobre esses dois mediadores da inflamação, NO e PG. Por outro lado, não foi verificado nenhuma ação edematogênica do PLS, fato que veio de acordo com os resultados da avaliação in vitro, sobre as contrações induzidas por fenilefrina em anéis de aorta de ratos, onde também se evidenciou ação vasodilatadora em concentração extremamente elevada. A identificação do exato mecanismo de ação do PLS de L. variegata carece de maiores investigações. No entanto, estudos indicam que as atividades biológicas destes compostos estão relacionadas com as interações entre carboidratos e proteínas, e estas são fatores determinantes para a função biológica e fisiológica destes compostos. O tratamento endovenoso dos animais com o PLS (1mg/kg), durante 7 dias consecutivos, não causou toxicidade in vivo (peso corporal, órgão, função renal e hepática). Assim como o PLS não alterou a responsividade endotelial das aortas in vitro, visto que as mesmas conservaram a capacidade de contração. Em conclusão, através deste estudo, a lista de atividades biológicas de polissacarídeos sulfatados raramente relatadas de algas marinhas se estende ainda mais, principalmente na modulação in vivo da inflamação. Por fim, os resultados do presente trabalho mostram o potencial farmacológico do PLS de L. variegata como ferramenta para o estudo do processo inflamatório e possível aplicação biotecnológica, através da produção de medicamentos para o tratamento da inflamação.

ASSUNTO(S)

polissacarídeos sulfatados processo inflamatório alga parda fisiologia polysaccharides sulfated inflammatory process brown algae

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