Efeitos de diferentes tipos de estresse social sobre modelos animaisde aprendizado, memória, ansiedade e depressão. / Effects of different types of social stress on aminalmodels of learning, memory, anxiety and depression

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi verificar os efeitos de dois diferentes agentes estressores sociais (isolamento social e aumento da densidade populacional) aplicados por diferentes períodos a camundongos, sobre parâmetros comportamentais indicadores de aprendizado, memória, ansiedade, depressão e função motora, avaliados simultaneamente, buscando correlacioná-los entre si e com alterações na concentração plasmática de corticosterona. O aprendizado, a memória, a ansiedade e a função motora foram quantificados pelo modelo da esquiva discriminativa em labirinto em cruz elevado, enquanto a depressão foi estimada pelo teste do nado forçado. Em conjunto, nossos resultados mostraram que dois tipos opostos de perturbações sociais (isolamento social e aumento da densidade populacional) promoveram efeitos agudos notavelmente diferentes sobre parâmetros indicativos de aprendizado, ansiedade, depressão e função motora, exibindo os mesmos efeitos somente em parâmetros indicativos de memória, inibida em ambos os casos. A persistência dessas perturbações sociais levou inicialmente à tolerância de todos os efeitos agudos, com exceção da hiperatividade locomotora induzida pelo isolamento social. Um prolongamento ainda maior das perturbações sociais culminou, por fim, em um padrão idêntico de alterações comportamentais caracterizado por déficit de retenção, diminuição da ansiedade e da depressão e hiperatividade locomotora. Essas três últimas alterações podem na verdade refletir um aumento da impulsividade dos animais. Nenhum dos efeitos comportamentais produzidos pelo aumento da densidade populacional foi acompanhado por modificações na concentração plasmática de corticosterona. Por outro lado, alterações bidirecionais nessa concentração (aumento, agudamente, seguido por tolerância e posteriormente por diminuição) foram verificados nos camundongos isolados socialmente. As alterações na concentração de corticosterona apresentaram considerável correlação com o parâmetro indicativo de depressão após o isolamento social agudo. Além disso, o comportamento depressivo induzido pelo isolamento social agudo foi abolido pela metirapona, um inibidor de síntese de corticosterona, e mimetizado pela administração de corticosterona. Nenhuma outra evidência de correlação foi verificada para os demais parâmetros comportamentais. Esses resultados permitem as seguintes conclusões: 1. O isolamento social e o aumento da densidade populacional são perturbações sociais que produzem efeitos comportamentais distintos quando submetidos agudamente a camundongos sendo, entretanto, igualmente efetivas em promover déficits de memória. 2. A maioria dos efeitos comportamentais agudos promovidos por essas perturbações sociais são rapidamente toleradas. 3. O isolamento social foi uma perturbação social mais efetiva que o aumento da densidade populacional em ativar o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. 4. O aumento da concentração plasmática de corticosterona promovido pelo isolamento social agudo (12 horas) é determinante para o comportamento depressivo apresentados pelos animais, mas não pelos simultâneos déficits de retenção e hiperatividade locomotora. 5. A exposição prolongada dos animais tanto ao isolamento social como à densidade populacional promove o desenvolvimento de uma série de alterações comportamentais comuns aos dois tipos de perturbação social as quais, entretanto, são acompanhadas por alterações distintas do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal.

ASSUNTO(S)

1. estresse 2. isolamento 3. ansiedade 4. memória 5. depressão farmacologia

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