Efeitos da hiperoxigenação hiperbarica na sepse por ligadura e punção cecal em ratos : aspectos microbiologicos, hematologicos e imunologicos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

Foi avaliado o efeito da hiperoxigenação hiperbárica (OHB) na sepse, utilizando-se o modelo de ligadura e punção cecal (LPC) em ratos. Realizaram-se estudos microbiológicos, hematológicos e dosagens plasmáticas dos seguintes mediadores: TNF, "Tumor Necrosis Factor", (imunoensaio tipo ELISA); nitrato e nitrito, catabólitos do óxido nítrico, (HPLC, "High Performance Liquid Cromatography") e corticosterona (radioimunoensaio), até doze horas de pós-operatório. Duas sessões (2 ATA, 120 min) efetuadas uma e seis horas após a cirurgia, permitiram uma diminuição significativa da taxa de mortalidade, de 75 % (LPC em ar ambiente) para 25 % (LPC tratado com OHB), em 24 horas. A OHB não alterou os tipos de bactérias identificadas em hemoculturas, nem a proporção de animais com culturas positivas. As bactérias mais freqüentes foram a Escherichia coli e Bacteroides sp. O número de animais com bacteremia positiva, a maioria doze horas pós-LPC, não se revelou um fator prognóstico consistente. Seis horas pós-LPC ocorreu considerável trombocitopenia e leucopenia, verificando-se redução nos neutrófilos e linfócitos circulantes, sem alterações nos monócitos, sugerindo um seqüestro de leucócitos específicos. Doze horas pós-LPC, houve recuperação significativa na contagem de neutrófilos no grupo exposto à OHB, apesar da maioria dos animais aprese~tarem-se bacterêmicos. O nível plasmático de TNF mostrou considerável variação individual, não havendo diferenças significativas entre os grupos, incluindo-se animais SHAM. A corticosterona apresentou-se elevaaa em todos os grupos, mantendo um ~lto e estável patamar entre seis e doze horas, com um valor de cinco vezes o normal, também sem diferenças expressivas entre os grupos. A sepse não justificou este aumento, uma vez que, animais SHAM também apresentaram doses elevadas do corticóide, indistinguíveis dos grupos sépticos. Houve um aumento do óxido nítrico plasmático em animais sépticos não tratados, o que não ocorreu naqueles expostos à OHB. Os resultados sugerem maior competência imunológica no grupo exposto à OHB, manifestada por menores níveis de mortalidade, seqüestro de neutrófilos e catabólitos do óxido nítrico, após doze horas de infecção. Como mecanismo protetor mais provável neste modelo, reforçaram-se as evidências de uma ação bacteriostática da OHB. Por outro lado, não foram verificados efeitos deletérios da OHB sobre os fatores analisados. Evidenciam-se a cinética dos neutrófilos e a dosagem de óxido nítrico sangüíneos como fatores importantes na fisiopatologia da sepse, neste modelo. A literatura recente destaca o papel da adesão e ativação de neutrófilos no desenvolvimento de disfunções de órgãos e, ainda, do óxido nítrico, na hipotensão refratária que determina o choque séptico. Embora este trabalho experimental não pretenda comprovar o uso da OHB em pacientes sépticos, seguramente é uma referência que permitirá novos estudos experimentais e clínicos, com o intuito de entender-se melhor a fisiopatologia da sepse e os mecanismos que definem o papel da OHB nesta grave patologia

ASSUNTO(S)

corticosteroides oxido nitrico infecção

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