Efeitos da educação em saúde na aprendizagem, mudança de atitude e desenvolvimento cognitivo de crianças de área endêmica para helmintoses

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de dois métodos de Educação em Saúde sobre a aprendizagem, a mudança de atitude e o desenvolvimento cognitivo de crianças sadias e infectadas, previamente tratadas para helmintoses. Trata-se de um estudo quase experimental com configuração longitudinal (duração de oito meses) de base quantitativa. Foi desenvolvido na cidade de Maranhão, Minas Gerais, Brasil, área rural, endêmica para helmintoses intestinais. Participaram do estudo 98 crianças de ambos os sexos, distribuídas aleatoriamente em três grupos: o grupo submetido à Pedagogia Não Diretiva (PND), pautado na filosofia de John Dewey; o grupo Pedagogia Diretiva (PD), pautada no modelo tradicional de ensino, e o grupo Controle. Para a coleta de dados foram aplicados, antes e após a intervenção educativa, um questionário estruturado, um semiestruturado e os testes psicológicos Raven, Wisc-III e DFH III, visando avaliar a aprendizagem, mudança de atitude e desenvolvimento cognitivo das crianças, respectivamente. Antes de iniciar o estudo, as crianças foram submetidas ao exame parasitológico de fezes para diagnóstico de infecção e, em caso positivo, foram tratadas, iniciando o estudo ovonegativas. Para a comparação intragrupos dos resultados referentes aos questionários e testes psicológicos, os dados foram analisados pela comparação das porcentagens médias do pré-teste e do pós-teste (Paired-Samples T Teste); para a comparação do desempenho intergrupos, foi utilizado o teste ANOVA e de Tukey. Para a comparação entre o grupo de infectados e sadios no Tempo 1 e dentro dos grupos Educação (crianças dos grupos PND e PD) e Controle, foi utilizado o teste Mann Whitney. No que se refere aos conhecimentos gerais sobre helmintoses, os três grupos apresentaram avanço estatisticamente significativo. No entanto, apesar de maior ganho proporcional do grupo PND, não houve diferença estatisticamente significativa entre o desempenho desses grupos (p>0,005). Com relação aos conhecimentos específicos sobre cada helmintose, os resultados mostraram avanço significativo e igualmente importante nos grupos PND e PD (p: 0,001 e p: 0, 001, respectivamente). Os resultados do questionário semiestruturado mostraram que não houve mudança de atitude após a intervenção educativa. Quanto aos testes psicológicos, os resultados mostraram pequenos avanços em termos de desenvolvimento cognitivo, porém, sem significância estatística que remeta à mudança de nível classificatório de cognição. Conclui-se que, embora a educação tenha sido eficiente para promover aprendizagem com relação às helmintoses, não houve tempo suficiente para resultar em desenvolvimento das funções cognitivas das crianças. No que diz respeito à relação entre aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e infecção, verificou-se que as crianças infectadas que receberam educação (grupo Educação) apresentaram melhora na aprendizagem quando comparadas ao grupo Controle. O fato dos dois métodos educativos terem produzido efeitos igualmente importantes em termos de aprendizagem, pode ser explicado em primeiro lugar, em função do tempo-espaço fluidos da Pedagogia Não Diretiva serem incompatíveis com a necessidade que a Educação em Saúde coloca de consolidação de conhecimentos e atitudes. Em segundo lugar, pela intervenção pautada na Pedagogia Não Diretiva ter se configurado na prática como uma pedagogia mais centrada nas atividades que no conhecimento. O estudo aponta para a necessidade de se buscar, na Educação em Saúde, a superação da antinomia existente entre os métodos.

ASSUNTO(S)

criança decs educação em saúde decs aprendizagem decs helmintíase decs cognição decs questionários decs fezes/parasitologia decs enfermagem decs dissertações acadêmicas decs testes psicológicos decs enfermagem teses humanos decs masculino decs feminino decs

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