Efeitos da Cipura paludosa nos déficits comportamentais de ratos adultos expostos ao etanol e/ou metilmercúrio durante o desenvolvimento do SNC

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A exposição fetal ao etanol (EtOH) e metilmercúrio (MeHg) ocorre em uma frequência elevada em todo o mundo. Até, então, não há uma terapia eficaz para tratar as consequências comportamentais produzidas por ambos os neurotoxicantes. Visto que plantas da medicina tradicional têm sido usadas pelo homem para aliviar uma variedade de doenças, estas também podem ser investigadas como alternativa para aquele problema de saúde. Portanto, o objetivo deste trabalho foi investigar os efeitos do extrato etanólico (EE) obtido dos bulbos da Cipura paludosa na locomoção e nos comportamentos de ansiedade, depressão e memória de curta e longa duração, em ratos adultos expostos ao EtOH e/ou MeHg, durante o desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC). Adicionalmente, foram medidos em tecidos cortical, hipocampal, cerebelar e de fígado, enzimas antioxidantes como a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase dependente de selênio (Se-GPx) e os níveis de peroxidação lipídica, pelos métodos de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e pelo alaranjado de xilenol. Ratas grávidas Wistar receberam água de torneira ou 6,5 g/kg de EtOH (22,5% p/v) durante a gravidez e amamentação. No 15o dia de gravidez, os animais de cada grupo foram subdivididos em dois outros para receberem 8 mg/kg de MeHg ou continuarem recebendo água de torneira. Todos os experimentos foram realizados com as proles adultas. Cada grupo recebeu EE da C. paludosa (1, 10 ou 100 mg/kg, v.o.) ou salina, administrados cronicamente durante 14 dias. O tratamento com todas as doses do EE melhorou a memória social de curta duração, bem como, na dose de 100 mg/kg, facilitou a retenção da memória de curta e longa duração, em ratos submetidos ao teste da esquiva inibitória. O EE demonstrou efeitos do tipo antidepressivos e ansiolíticos, sem alterar a atividade locomotora. Além disso, o EE reduziu o comportamento de ansiedade nos grupos de EtOH e MeHg, bem como o comportamento tipo depressivo induzido pelo MeHg e EtOH+MeHg. O EE também mostrou uma melhora na memória social nos animais expostos prenatalmente ao MeHg e/ou EtOH+MeHg além de facilitar a retenção da memória de curta e longa duração nos grupos de EtOH, MeHg ou EtOH+MeHg. Além disso, a exposição aos neurotoxicantes diminuiu os níveis de CAT no tecido cortical dos animais do grupo do MeHg e esse efeito foi revertido pelo tratamento crônico com todas as doses do EE da C. paludosa. Os níveis de CAT também foram diminuídos no tecido de fígado dos animais do grupo do MeHg, sendo este efeito revertido pelo EE. Uma diminuição significativa dos níveis de Se-GPx foi observada nos tecidos cortical e cerebelar do grupo do EtOH e no tecido cerebelar do grupo do MeHg, sendo esse efeito revertido pelo EE da C. paludosa. Os resultados apresentados mostraram um aumento nos níveis de TBARS no grupo EtOH no tecido hipocampal e no tecido cerebelar nos grupos EtOH, MeHg e EtOH+MeHg. Resultado semelhante foi observado no ensaio de alaranjado de xilenol, exceto no grupo EtOH+MeHg que não apresentou diferença significante. Além disso, a exposição ao neurotoxicantes diminuiu os níveis de CAT no tecido cortical dos animais do grupo do MeHg e esse efeito foi revertido pelo tratamento crônico com todas as doses do EE da C. paludosa. Em conjunto, estes resultados sugerem que a intoxição de EtOH e/ou MeHg durante o desenvolvimento do SNC pode ser um risco para a homeostase celular e consequentemente à funções neurocognitivas. Os dados também indicaram que o EE apresenta componentes com propriedades ansiolíticas, antidepressivas, mnemônicas e antioxidantes, cujos mecanismos pelos quais ele produz esses efeitos precisam ser mais bem investigados e devem ser considerados para pesquisas futuras. Assim, os dados deste trabalho confirmam a utilização popular da C. paludosa e mostra a potencialidade terapêutica desta planta como um possível fitoterápico.

ASSUNTO(S)

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