Ecologia de comunidades de aves do Vale do Rio Paranã - GO e TO
AUTOR(ES)
Flávia de Campos Martins
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
A comunidade biológica pode ser definida como um conjunto de espécies que ocorrem em um mesmo lugar, conectados uns aos outros por suas relações de alimentação e outras interações. Uma das hipóteses mais utilizadas para explicar padrões na estruturação das comunidades é a competição interespecífica. Assim, as comunidades estruturadas por interações competitivas devem apresentar algum limite de similaridade no uso de recursos que possa garantir a coexistência das espécies. Os objetivos gerais do trabalho são estudar e analisar a comunidade de aves no vale do Rio Paranã, GO e TO, com ênfase na floresta estacional decidual e testar a hipótese da similaridade limitante (MacArthur e Levins, 1967), que prediz que entre as espécies em uma comunidade deve haver um limite máximo na similaridade morfológica, ou seja, na utilização dos recursos. Foram amostradas com redes de neblina três áreas de cerrado (sentido restrito) e uma de floresta estacional decidual. Capturaram-se 734 indivíduos de 102 espécies, como resultado de um esforço amostral de 4879.5 horas-rede. As espécies mais abundantes na floresta estacional decidual de São Domingos, GO, foram Basileuterus flaveolus, Dendrocolaptes platyrostris, Thamnophilus punctatus e Sittasomus griseicapillus; no cerrado de Alvorada do Norte, GO, Columbina picui e C. squammata; no cerrado de São Domingos Amazilia fimbriata e T. punctatus e no cerrado de Paranã, TO, A. fimbriata e Elaenia chiriquensis. A comunidade com maior índice de densidade foi a do cerrado de Paranã, nessa comunidade observou-se também o maior número de nectarívoros e frugívoros. Nos remanescentes de floresta estacional decidual de São Domingos registraram-se 134 espécies de aves, com base nos dados obtidos e no trabalho de Lopes (2004), das quais 72% têm alguma dependência de habitats florestais. No espaço morfométrico as aves insetívoras do sub-bosque, diurnas e residentes em floresta estacional decidual, mostraram segregação morfológica e ecológica. Separaram-se no espaço morfológico espécies maiores com bicos grossos e compridos. As categorias alimentares mais significantes na ordenação das espécies foram Formicidae, Coleoptera, outros Hymenoptera e Hemíptera. Na taxocenose de arapaçus verificou-se uma maior sobreposição ecológica entre Dendrocolaptes platyrostris e Xiphorhynchus guttatus e entre Lepidocolaptes angustirostris e Campylorhamphus trochilirostris. Possivelmente entre esses pares de espécie ocorrem divergências em outras dimensões ecológicas, na seleção de hábitat e micro-hábitat, no forrageamento. Em ambas as comunidades, as características morfológicas não foram diferentes significativamente dos valores esperados em comunidades aleatórias, não corroborando com a hipótese da similaridade limitante. As comunidades analisadas não demonstram uma estruturação com base na segregação por competição de recursos. Fatores históricos e evolutivos podem ter contribuído mais essencialmente para a estruturação das comunidades. Palavras-chave: estrutura de comunidades, sobreposição ecológica, competição interespecífica, similaridade limitante, morfologia, dieta, aves do sub-bosque, insetívoras, arapaçus, cerrado, floresta estacional decidual, vale do Rio Paranã.
ASSUNTO(S)
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