É recomendável o uso de kit de coleta de citopatologia oncótica após período de validade da esterilização, mesmo estando o invólucro lacrado em bom estado de conservação?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Sergipe

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Existem inúmeros estudos relacionados ao processo de esterilização. Porém inexistem estudos com evidências científica sobre o uso do kit de coleta de citopatologia oncótica após período de validade com o invólucro lacrado em bom estado de conservação.

, ou seja, prazo adotado por cada instituição, sustentado por algumas estratégias: avaliação da integridade dos pacotes e resistência das embalagens; eventos relacionados ao seu manuseio/estocagem (em gavetas, empilhados com dobras e elásticos envolvendo o pacote estéril); condições de umidade e temperatura; segurança da selagem e rotatividade do estoque armazenado (

).

Os riscos associados aos procedimentos mais comuns realizados na Atenção Primária a Saúde (APS) são poucos conhecidos (

). Comumente são realizados na APS, procedimentos com certo grau de invasividade, como a coleta de exame para colpocitologia oncótica pelo método de Papanicolaou, no qual são considerados de menor risco porque as membranas mucosas possuem uma capacidade relativa de proteção contra a invasão de patógenos, para os quais se podem antecipar algum evento adverso associado (

).

Para estes procedimentos, é importante assegurar que microrganismos não pertencentes à microbiota local não penetrem neste tecido e que patógenos não sejam transferidos de um paciente a outro (

). Contudo os procedimentos de maior risco são aqueles que envolvem a invasão de tecidos estéreis, como administração de soluções injetáveis, punção venosa, sondagem vesical e alguns procedimentos odontológicos. Sendo assim, os itens utilizados nestes procedimentos devem estar estéreis (

).

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o produto médico-hospitalar descartável, ou de uso único, é definido como o dispositivo que, após a sua utilização, perde as características originais ou que, em função de outros riscos reais ou potenciais à saúde do usuário não deve ser reutilizado (

).

Segundo a consulta pública número 98 de dezembro de 2001, proposta pela ANVISA, os produtos médico-hospitalares de uso único são utensílios médicos, odontológicos e laboratoriais destinados a ser usado na prevenção, diagnóstico, terapia, reabilitação ou anticoncepção que somente podem ser utilizados uma única vez. Estes não podem ser reprocessados em todo o território nacional e devem conter em seu rótulo a nomeação de “uso único” e a informação de que seu reprocessamento é proibido (

).

Neste sentido, as embalagens têm seu tempo de validade conforme a influência do evento ou event-related (evento relativo), relacionado ao time-related (tempo relativo). Desta forma, aquele ocorrido no histórico e nas condições de armazenamento do produto estéril refere-se ao tempo de validade seguro para o uso do material esterilizado (

). O que é fundamental neste caso são os eventos que se relacionaram ao pacote estéril e não propriamente à data de validade para o uso seguro, considerando que não existem prazos de validade que possam ser aplicados universalmente para todas as instituições de saúde (

).

 

ACESSO: Para o controle do câncer do colo do útero, a melhora do acesso aos serviços de saúde e à informação são questões centrais. Isso demanda mudanças nos serviços de saúde, com ampliação da cobertura e mudanças dos processos de trabalho, e também articulação intersetorial, com setores do setor público e sociedade civil organizada (

).

 

1. Padoveze MC, Figueiredo RM. O papel da Atenção Primária na prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Rev Esc Enferm USP 2014; 48(6):1137-44. Disponível em:

2. Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização – SOBECC. Práticas recomendas SOBECC: centro de material e esterilização, centro cirúrgico e recuperação pós anestésica. 6 ed. São Paulo: SOBECC; 2013

3. Mesquita K. O et al.SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVA. Cogitare Enferm. 2016 Abr/jun; 21(2): 01-08. Disponível em:

.

4. SOF.Biblioteca Virtual em Saúde. Quais vantagens de se utilizar um espéculo descartável para coleta de citopatológico?

Telessaúde Rio Grande do Sul | 23 jun 2009 | ID: sof-597. Disponível em:

5. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

. Dispõe sobre produtos médicos de uso único e o reprocessamento do grupo de produtos médico hospitalares que especifica e dá outras providência [Internet]. Brasília, DF: Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2001 [citado 2009 Jul 3]. Disponível em:

6. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 15, de 15 março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providencias. Diário Oficial da União (Brasília), 2012 Mar. Disponível em:

7. Rutala WA, Weber DJ. Guideline for disinfection and sterilization in healthcare facilities. Atlanta (EUA): Centers for Disease Control and Prevention (CDC); 2008. Disponível em:

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12. BRASIL. Ministério da Saúde. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. 2. ed. Brasília:  2012. (Cadernos de Atenção Básica, 13). Disponível em:

ASSUNTO(S)

enfermeiro a62 procedimento administrativo esterilização neoplasias do colo do Útero d - opinião desprovida de avaliação crítica/baseada em consensos/estudos fisiológicos/modelos animais enfermeria prevenção e controle do câncer

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