Dinamica de grupo: instrumento de transformação ou conservação?
AUTOR(ES)
Falcão, Eliane Brigida de Morais
DATA DE PUBLICAÇÃO
198008
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi investigar se o Curso de Dinâmica de Grupo na Educação oferecido pelo NUTES/CLATES pôde trabalhar a capacidade de instituir (criar ou transformar) do professor-participante. Para alcançar este objetivo as seguintes questões foram colocadas : (lº) Ao buscarem o curso DGE os professores pr etendiam ver satisfeitas que necessidades? (2ª) Até que ponto coordenadores e professores-participantes buscaram no curso DGE t rabalhar sua capacida de de instituir? (3ª) Quais são os obstácúlos detectados na literatura que poderiam limitar o atingimento do objetivo - trabalhar a capacidade de instituir - e que podem ser encontrados no curso DGE do NUTES/CLATES? Quanto a primeira questão, buscou-se resposta na análise das expectativas diante do curso DGE e avaliações realizadas após o seu término. A resposta a segunda quest ão foi feita espe- cialmente a partir da análise dos protocolos de cada curso . Finalmente a terceira questão foi respondida de acordo com a visão de Lewin , Moreno, Rogers , Pages , Freud , Bion, e Loureau e Lapassade , estes últimos representando o movimento da Análise Institucional. Os resultados indicaram , em relação a primeira questão, que o curso foi buscado explicitamente por necessidades intelectuais de aprendizagem de técnicas e recursos didáticos e implici tamente por necessidades afetivas (identificadas nas comunicaçoes interpessoais manifestadas durante a realização do curso DGE) . Quanto a segunda questão , os resultados se ofereceram a uma dupla interpretação : se se fixa a realidade do grupo apenas no período do curso DGE pode-se afirmar que houve exercício da capacidade de instituir; se se aceita ao contrário que a realidade do grupo é a sua transversalidade que supera o "aqui e agora ", a resposta seria que não se trabalhou a capacidade de instItuir porque nao houve busca de atuação na realidade através da análise da transversalidade . Os principais obstáculos de tectados a partir da literatura que teriam limitado o trabalho da capacidade de instituir nos cursos DGE do NUTES/CLATES e que formalizam a resposta a ter ceira questão foram : o contexto social maior (Lewin) ; o não-trabalho do papel do professor (Moreno) ; a idealização do papel de chefe (Freud e Bion) ; o nao enfoque das práticas sociais como re produtoras de modelos impostos (Pages) ; o silêncio diante da transversalidade grupal (Lapassade e Loureau). Não se detectou obstáculos tendo Rogers como referência, na bibliografia pesquisada. As conclusões em numero de três foram: (1) reforçou-se a separação dos componentes afetivos e intelectuais do comportamento humano nos cursos DGE ; (2) trabalhou- se a capacidade de instituir na medida em que o contexto social o permitiu; (3 ) os principais obstáculos foram tempo , organização social autoritária no Brasil , adoção de urna perspectiva mecanicista da dinâmica grupal. Frente aos resultados e conclusões sugeriu-se as seguintes modificações na realização de futuros DGE : (1) ampliação do "aqui e agora "; (2) visão dialética do processo grupal ; (3) incorporação do conceito de transversalidade ; (4) discussão das relações entre técnica e ideologia .
ASSUNTO(S)
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10438/8927Documentos Relacionados
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